sábado, 24 de fevereiro de 2024

Dois anos de guerra entre Moscovo e Kiev

Passaram dois anos desde o dia em que a Rússia invadiu a Ucrânia e, nas suas edições de hoje, muitos jornais europeus evocaram essa data. O diário inglês The Independent é um desses jornais e destaca em primeira página que “se a Ucrânia perder, o Ocidente será o próximo”, acrescentando que em dois anos de guerra pelo menos 10.582 civis ucranianos morreram, 19.875 foram feridos e que se estima que 70.000 soldados ucranianos foram mortos.
Nenhum dos muitos jornais que evocaram o dia 24 de fevereiro de 2022 e a guerra que desde então tem devastado as regiões do Leste da Ucrânia, fala em paz ou nos caminhos da paz, apesar dos sentimentos dos cidadãos europeus revelados no recente estudo do European Council on Foreign Relations. Como principal conclusão, esse estudo revela que 37% dos cidadãos europeus reclamam por negociações de paz, com destaque para os gregos (47%), os espanhóis (44%), os italianos (43%) e, até mesmo, os portugueses (35%).
Apesar desse sentimento nacional a favor da paz, o Supremo Magistrado da Nação veio dizer que “Portugal apoiará a Ucrânia pelo tempo que for preciso” e o ministro cravinho afirmou que “temos que redobrar os esforços de apoio à Ucrânia”. Numa altura de grande inquietação quanto ao nosso futuro, com demasiados problemas internos para serem resolvidos, aqueles dois responsáveis portugueses podiam ter falado da paz por que anseiam tantos europeus, mas não o fizeram. Referiram lugares comuns e a frase “o tempo que for preciso”, já antes repetida muitas vezes, quando se podiam ter aconselhado com António Guterres, que hoje afirmou que "chegou a hora de haver paz". É sabido que nunca é fácil parar com a guerra nem com todas as desgraças humanitárias e patrimoniais que a acompanham e, de forma especial, não é fácil acabar com esta guerra russo-ucraniana, que tem contornos de guerra civil ou de afrontamento entre superpoderes.
É cada vez mais evidente que nesta guerra não haverá vencedores e que todos serão perdedores, pelo que é cada dia mais urgente calar os canhões e atender à vontade dos 37% de europeus e 35% de portugueses que aspiram por negociações de paz.