Passaram dois
anos desde o dia em que a Rússia invadiu a Ucrânia e, nas suas edições de hoje,
muitos jornais europeus evocaram essa data. O diário inglês The
Independent é um desses jornais e destaca em primeira página que “se a
Ucrânia perder, o Ocidente será o próximo”, acrescentando que em dois anos de
guerra pelo menos 10.582 civis ucranianos morreram, 19.875 foram feridos e que
se estima que 70.000 soldados ucranianos foram mortos.
Nenhum dos muitos
jornais que evocaram o dia 24 de fevereiro de 2022 e a guerra que desde então tem devastado
as regiões do Leste da Ucrânia, fala em paz ou nos caminhos da paz, apesar dos
sentimentos dos cidadãos europeus revelados no recente estudo do European Council on Foreign Relations. Como
principal conclusão, esse estudo revela que 37% dos cidadãos europeus reclamam
por negociações de paz, com destaque para os gregos (47%), os espanhóis (44%),
os italianos (43%) e, até mesmo, os portugueses (35%).
Apesar desse
sentimento nacional a favor da paz, o Supremo Magistrado da Nação veio dizer que “Portugal
apoiará a Ucrânia pelo tempo que for preciso” e o ministro cravinho afirmou que
“temos que redobrar os esforços de apoio à Ucrânia”. Numa altura de grande
inquietação quanto ao nosso futuro, com demasiados problemas internos para
serem resolvidos, aqueles dois responsáveis portugueses podiam ter falado da
paz por que anseiam tantos europeus, mas não o fizeram. Referiram lugares
comuns e a frase “o tempo que for preciso”, já antes repetida muitas vezes,
quando se podiam ter aconselhado com António Guterres, que hoje afirmou que "chegou a hora de haver paz". É sabido que nunca é fácil
parar com a guerra nem com todas as desgraças humanitárias e patrimoniais que a
acompanham e, de forma especial, não é fácil acabar com esta guerra
russo-ucraniana, que tem contornos de guerra civil ou de afrontamento entre
superpoderes.
É cada vez mais
evidente que nesta guerra não haverá vencedores e que todos serão perdedores,
pelo que é cada dia mais urgente calar os canhões e atender à vontade dos 37% de europeus e
35% de portugueses que aspiram por negociações de paz.
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