domingo, 26 de abril de 2015

Marketing político de muito mau gosto

Foi ontem anunciada a renovação da coligação eleitoral que desde 2011 tem governado Portugal, mas não se pretende analisar aqui essa decisão, porque ela deriva da liberdade de haver partidos políticos e da liberdade que eles têm para se aliarem, ou seja, essa decisão acontece porque o 25 de Abril trouxe a liberdade ao nosso país. Cada qual alia-se com quem quer. Ninguém tem nada com isso. É a liberdade e a democracia a funcionarem. Pronto.
Porém, ontem às 20 horas, quando se esperava que os telejornais abrissem com imagens das celebrações populares da data libertadora de 25 de Abril ou até das cerimónias realizadas no Parlamento, houve dois figurões que abusivamente apareceram nos nossos monitores televisivos a subscrever a renovação de um acordo que estava negociado há vários dias. Não foi um acontecimento político. Foi um caso de travesti abrilista ou de marketing político de mau gosto. Os seus subscritores P1 e P2 abusaram de nós ao tomar aquele espaço e aquele tempo. Naquele dia e naquela hora, a cena foi muito caricata, atrevida e até injuriosa para o 25 de Abril, que eles tanto têm combatido através da redução dos direitos dos portugueses. O subscritor P1 não prescindiu de, ao lado da bandeirinha nacional na lapela do casaco, exibir um cravo vermelho que simboliza o 25 de Abril, enquanto o subscritor P2 preferiu insinuar-se como um experiente e sabedor estadista que, lamentavelmente, não resistiu a fazer propaganda eleitoral àquela hora e naquele dia. E tudo isto porque eles sabem que a maioria dos portugueses está com a mensagem libertadora, a atitude solidária e com a renovada esperança que é sempre o 25 de Abril e, por isso, a escolha daquele dia, daquela hora e daquele cravo são abusivos e meramente instrumentais na sua tentativa de quebrar o muro de isolamento que eles próprios criaram com o povo. O 25 de Abril é o símbolo da liberdade, da democracia, do progresso e da abertura ao mundo. O 25 de Abril é do povo português e não pode ser desrespeitado por quem tem responsabilidades políticas e as quer continuar a ter.