segunda-feira, 26 de setembro de 2022

Um português que não poupa em viagens

A edição de hoje do Diário de Notícias destaca, com uma fotografia a quatro colunas, a presença de Marcelo Rebelo de Sousa na Califórnia, num dos habituais registos populistas de que tanto gosta. O título é simplesmente “Marcelo na Califórnia”, mas podia ter sido “Um presidente que não poupa em viagens”.
De facto, nos últimos trinta dias o nosso Presidente da República: (1) esteve em Angola para tomar parte no funeral de José Eduardo dos Santos, (2) foi ao Brasil para participar nas festas do Bicentenário da Independência do Brasil, (3) regressou a Angola para assistir à tomada de posse de João Lourenço, (4) seguiu depois numa uma viagem ao Reino Unido para se integrar nas cerimónias fúnebres da rainha Isabel II e, por fim, (5) viajou até aos Estados Unidos para cumprir a sua promessa de visitar as comunidades portuguesas da Califórnia. Feitas as contas, são cerca de 62.000 quilómetros que correspondem a uma volta e meia à Terra, voando sobre o Equador, além de terem sido mais de 15 dias de ausência física do território nacional, embora ele esteja sempre presente através dos tempos de antena televisivos que lhe são assegurados e que muito vão cansando os portugueses.
Com ele viaja sempre uma comitiva que nunca é divulgada, mas que através das inúmeras reportagens televisivas, verificamos que é bem numerosa e, obviamente, muito cara. Num tempo de dificuldades económicas crescentes, o país havia de gostar de saber quanto custam todas estas viagens e, também, que interesse objectivo têm para o nosso bem-estar. Na comitiva também segue o comentador Marcelo, que é uma personagem irritante que acompanha sempre o Venerando Chefe do Estado e que se faz rodear de microfones para os quais vai falando de tudo, pois ultimamente fala sobre tudo, quase sempre a dizer banalidades e lapalissades.
Portanto, os portugueses da Califórnia estão em festa e, nestes dias, farão fila para se fotografarem como o nosso Presidente da República, um homem que incarna, simultaneamente, as figuras do senhor Feliz e do senhor Contente.