A edição de hoje
do Diário
de Notícias destaca, com uma fotografia a quatro colunas, a presença de
Marcelo Rebelo de Sousa na Califórnia, num dos habituais registos populistas de
que tanto gosta. O título é simplesmente “Marcelo na Califórnia”, mas podia ter
sido “Um presidente que não poupa em viagens”.
De facto, nos
últimos trinta dias o nosso Presidente da República: (1) esteve em Angola para
tomar parte no funeral de José Eduardo dos Santos, (2) foi ao Brasil para participar
nas festas do Bicentenário da Independência do Brasil, (3) regressou a Angola
para assistir à tomada de posse de João Lourenço, (4) seguiu depois numa uma
viagem ao Reino Unido para se integrar nas cerimónias fúnebres da rainha Isabel
II e, por fim, (5) viajou até aos Estados Unidos para cumprir a sua promessa de
visitar as comunidades portuguesas da Califórnia. Feitas as contas, são cerca
de 62.000 quilómetros que correspondem a uma volta e meia à Terra, voando sobre
o Equador, além de terem sido mais de 15 dias de ausência física do território
nacional, embora ele esteja sempre presente através dos tempos de antena
televisivos que lhe são assegurados e que muito vão cansando os portugueses.
Com ele viaja
sempre uma comitiva que nunca é divulgada, mas que através das inúmeras reportagens
televisivas, verificamos que é bem numerosa e, obviamente, muito cara. Num
tempo de dificuldades económicas crescentes, o país havia de gostar de saber
quanto custam todas estas viagens e, também, que interesse objectivo têm para o
nosso bem-estar. Na comitiva também segue o comentador Marcelo, que é uma
personagem irritante que acompanha sempre o Venerando Chefe do Estado e que se
faz rodear de microfones para os quais vai falando de tudo, pois ultimamente
fala sobre tudo, quase sempre a dizer banalidades e lapalissades.
Portanto, os
portugueses da Califórnia estão em festa e, nestes dias, farão fila para se
fotografarem como o nosso Presidente da República, um homem que incarna, simultaneamente,
as figuras do senhor Feliz e do senhor Contente.