segunda-feira, 22 de janeiro de 2024

A voz de Guterres e a paz na Palestina

No conflito que perturba o mundo e que, desde há mais de três meses, tem levado a mais completa destruição à Faixa de Gaza e que já causou a morte de mais de 25 mil palestinianos, sobretudo mulheres e crianças, tem-se destacado a voz de um português que desempenha as funções de Secretário-Geral das Nações Unidas.
António Guterres tem reclamado como ninguém pelo cessar-fogo e pela paz. Logo no início do conflito teve a coragem de afirmar numa reunião do Conselho de Segurança das Nações Unidas, que era importante reconhecer que os ataques do Hamas “não aconteceram do nada”, porque o povo palestiniano “foi sujeito a 56 anos de ocupação sufocante”, tendo visto "as suas terras serem continuamente devoradas por colonatos e assoladas pela violência, a sua economia sufocada, as suas pessoas a serem deslocadas e as suas casas a serem demolidas”. A Europa calou-se e só a Espanha aplaudiu Guterres, enquanto em Portugal até houve alguns miseráveis comentadores avençados que o criticaram.
Desde o primeiro dia, a Europa poderia ter procurado arbitrar o conflito, mas preferiu alinhar num dos lados porque “Israel tinha o direito de se defender”, como disseram vários dos seus líderes e foi repetido por essa espécie de diplomata que é o insignificante Cravinho. A indiferença europeia em relação ao que se passa no Médio Oriente, bem como a sua aparente cumplicidade com o extremismo de Benjamin Netanyahu, mostram como a Europa está sem rumo e como a parelha Charles Michel-Ursula von der Leyen é demasiado medíocre e não presta.
Neste quadro, o jornal The National que se publica na cidade de Abu Dhabi, nos Emirados Árabes Unidos, publica na sua edição de hoje uma fotografia a cinco colunas de António Guterres e destaca uma das frases que ele mais tem repetido: “Temos que impedir que se inflame o barril de pólvora que é o Médio Oriente”.
Aos poucos, começa a haver quem se assuste com o que pode acontecer no Médio Oriente e que já compreende que a solução destes conflitos é política e não militar.