terça-feira, 7 de janeiro de 2014

Temporal violento na costa portuguesa

Toda a costa continental portuguesa desde Caminha a Vila Real de Santo António, foi assolada por um temporal de magnitude pouco habitual e com forte agitação marítima. Muitas pessoas disseram nunca ter visto ondas tão grandes e chamaram-lhes “ondas gigantes”. As televisões mostraram as imagens das ondas e dos seus efeitos. O Instituto Hidrográfico registou na sua rede de ondógrafos as ondas de 19 metros de altura e os ventos de 107 quilómetros por hora ao largo da Nazaré. Ao largo de Sines registaram-se ondas de 17,5 metros de altura, o que corresponde ao maior valor registado naquela zona nos últimos 25 anos. Foram ainda registadas ondas de 15,6 metros de altura em Leixões e de 9,1 metros de altura em Faro. A forte agitação marítima provocou avultados estragos na generalidade das praias portuguesas, tendo sido destruídos muros de protecção, embarcações, estabelecimentos, mobiliário urbano e árvores. A Foz do Douro foi uma das áreas mais afectadas, tendo sido arrastadas e danificadas pelo mar algumas dezenas de carros.
A agitação marítima proporciona sempre imagens muito atraentes e o jornal i não perdeu a oportunidade, tendo utilizado a espectacular fotografia do mar a saltar sobre o farol da Foz do Douro para ilustrar a primeira página da sua edição de hoje.

O dilema espanhol: canhões ou manteiga

O economista americano Paul Samuelson ficou famoso por ter sido o primeiro americano a ganhar o Prémio Nobel da Economia, mas também por ter escrito Economics, um livro que se tornou um clássico e que ensinou os fundamentos da ciência económica à maioria dos estudantes de economia da segunda metade do século XX. Nesse livro, ele explica a fronteira das possibilidades de produção através do exemplo dos canhões e da manteiga, isto é, porque o dinheiro é um bem escasso, há que decidir se o dinheiro do contribuinte é usado na compra de armamentos ou na produção de alimentos. Na crise que alguns países europeus atravessam, este paradigma de Samuelson está a revelar-se demasiado verdadeiro. Assim acontece com a Espanha.
Segundo a edição de ontem do jornal ABC, a Marinha espanhola adaptou-se à crise por que passa o país e, desde 2008, abateu 25 dos seus navios que foram substituídos por sete de maior capacidade, enquanto foi cancelada a construção de diversas unidades e foram suspensos alguns projectos futuros, como a construção das fragatas da classe F-110. Esses navios que deveriam ser construídos pela Navantia, obrigaram aqueles estaleiros estatais a procurar e a conseguir encomendas no estrangeiro, tendo-as conseguido na Noruega e na Austrália. Um dos navios abatido, depois de 25 anos de serviço, foi o porta-aviões “Príncipe das Astúrias”, o navio-chefe da Armada espanhola, porque “España no pude sosternelo”, uma vez que a sua modernização e manutenção custaria cem milhões de euros anuais. A Espanha teve que escolher “a produção de manteiga” em vez do “fabrico de canhões”, porque a crise obrigou a que o seu orçamento da Defesa se reduzisse em 32%, pois passou de 8.491 milhões de euros em 2008 para 5.745 milhões de euros em 2014, dos quais 77% se destinam a pagamentos ao pessoal.