O economista americano Paul Samuelson ficou
famoso por ter sido o primeiro americano a ganhar o Prémio Nobel da Economia,
mas também por ter escrito Economics,
um livro que se tornou um clássico e que ensinou os fundamentos da ciência económica à maioria dos estudantes de
economia da segunda metade do século XX. Nesse livro, ele explica a fronteira das
possibilidades de produção através do exemplo dos canhões e da manteiga, isto é, porque o dinheiro é um bem escasso,
há que decidir
se o dinheiro do contribuinte é usado na compra de armamentos ou na produção de
alimentos. Na crise que alguns países europeus atravessam, este paradigma de
Samuelson está a revelar-se demasiado verdadeiro. Assim acontece com a Espanha.
Segundo a edição de ontem do jornal ABC, a Marinha espanhola adaptou-se à
crise por que passa o país e, desde 2008, abateu 25 dos seus navios que foram
substituídos por sete de maior capacidade, enquanto foi cancelada a construção
de diversas unidades e foram suspensos alguns projectos futuros, como a
construção das fragatas da classe F-110. Esses navios que deveriam ser construídos
pela Navantia, obrigaram aqueles estaleiros estatais a procurar e a conseguir encomendas
no estrangeiro, tendo-as conseguido na Noruega e na Austrália. Um dos navios abatido,
depois de 25 anos de serviço, foi o porta-aviões “Príncipe das Astúrias”, o navio-chefe da Armada espanhola, porque “España
no pude sosternelo”, uma vez que a sua modernização e manutenção custaria cem
milhões de euros anuais. A Espanha teve que escolher “a produção de manteiga” em vez do “fabrico de canhões”, porque a crise obrigou a que o seu orçamento da
Defesa se reduzisse em 32%, pois passou de 8.491 milhões de euros em 2008 para
5.745 milhões de euros em 2014, dos quais 77% se destinam a pagamentos ao
pessoal.
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