quarta-feira, 9 de outubro de 2013

Eles já procuram bodes expiatórios

O actual governo tomou posse no dia 21 de Junho de 2011 e, portanto, já leva quase 28 meses de actividade. Não vale a pena usar quaisquer indicadores económicos ou sociais para conhecer a nossa realidade, porque ela está à vista de todos: as desigualdades acentuaram-se, aumentou a pobreza, há uma geração de gente qualificada que continua sem emprego, os mais capazes emigraram e os mais incapazes tornaram-se assessores, o território continua a desertificar-se, o pequeno comércio está a morrer e os problemas financeiros – dívida e défice – continuam como antes, ou talvez, pior. Uns dias dizem-nos que estamos no bom caminho, para no dia seguinte nos ameaçarem com um segundo resgate e nos imporem mais cortes aos nossos rendimentos do trabalho. Apesar das políticas seguidas serem um insucesso ou mesmo uma quase tragédia, eles insistem no mesmo caminho e atacam os mais fracos, enquanto cobardemente estão de cócoras perante a banca, a edp, a galp, as ppp e os outros tubarões que tomaram conta da nossa terra com a cumplicidade destes políticos. Já não há linhas vermelhas e para o par passos-portas já parece valer tudo.
Nos últimos dias e em antecipação à apresentação do Orçamento do Estado, toda a artilharia governamental e dos seus lambe-botas, se virou contra a Constituição e contra os juízes do Tribunal Constitucional, usando a ameaça e procurando, desde já, um bode expiatório para o vendaval que se aproxima. Ora, é preciso dizer claramente que a Constituição não tem de se adaptar às decisões políticas do governo, mas este e as suas políticas é que têm de se adaptar à Constituição. Que, ao menos em Belém, se perceba isto e se actue em conformidade.