O actual governo
tomou posse no dia 21 de Junho de 2011 e, portanto, já leva quase 28 meses de
actividade. Não vale a pena usar quaisquer indicadores económicos ou sociais para
conhecer a nossa realidade, porque ela está à vista de todos: as desigualdades acentuaram-se,
aumentou a pobreza, há uma geração de gente qualificada que continua sem
emprego, os mais capazes emigraram e os mais incapazes tornaram-se assessores, o
território continua a desertificar-se, o pequeno comércio está a morrer e os
problemas financeiros – dívida e défice – continuam como antes, ou talvez,
pior. Uns dias dizem-nos que estamos no bom caminho, para no dia seguinte nos
ameaçarem com um segundo resgate e nos imporem mais cortes aos nossos rendimentos
do trabalho. Apesar das políticas seguidas serem um insucesso ou mesmo uma
quase tragédia, eles insistem no mesmo caminho e atacam os mais fracos,
enquanto cobardemente estão de cócoras perante a banca, a edp, a galp, as ppp e
os outros tubarões que tomaram conta da nossa terra com a cumplicidade destes
políticos. Já não há linhas vermelhas e para o par passos-portas já parece valer tudo.
Nos últimos dias
e em antecipação à apresentação do Orçamento do Estado, toda a artilharia
governamental e dos seus lambe-botas, se virou contra a Constituição e contra
os juízes do Tribunal Constitucional, usando a ameaça e procurando, desde já,
um bode expiatório para o vendaval que se aproxima. Ora, é preciso dizer
claramente que a Constituição não tem de se adaptar às decisões políticas do
governo, mas este e as suas políticas é que têm de se adaptar à Constituição. Que,
ao menos em Belém, se perceba isto e se actue em conformidade.