sexta-feira, 24 de junho de 2022

BRICS falam para o mundo a uma só voz

Os BRICS são um grupo de cinco países ditos emergentes – Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul – que foi constituído em 2009, embora a África do Sul só nele tenha ingressado em 2011, os quais realizam uma cimeira anual em que cada um dos países participa através dos respectivos líderes de governo. O grupo não constitui um bloco económico nem uma associação de comércio, mas sobretudo um “clube político” ou uma "aliança", que visa converter o seu crescente poder económico numa maior influência geopolítica à escala mundial.
Actualmente, os BRICS são detentores de mais de 21% do PIB mundial, formando o grupo de países que mais crescem no planeta. Além disso, representam 42% da população mundial, 45% da força de trabalho e o maior poder de consumo do mundo, destacando-se também pela abundância dos seus recursos naturais e das condições favoráveis que atualmente apresentam para a sua exploração.
Este ano, a XIV Cimeira dos BRICS realizou-se em Pequim e ontem lá estiveram Xi Jinping, Vladimir Putin, Jair Bolsonaro, Narendra Modi e Cyril Ramaphosa. No actual quadro de guerra e de envolvimento euro-americano no conflito resultante da invasão russa da Ucrânia, esta "aliança" tem uma enorme importância. Pela primeira vez desde que ordenou a invasão da Ucrânia, Vladimir Putin encontrou-se com grandes líderes mundiais que, aparentemente, não o criticaram. Nenhum dos 75 pontos da Declaração de Pequim desta XIV Cimeira dos BRICS faz referências à invasão russa, nem critica Vladimir Putin. Naturalmente, o jornal chinês Global Times dá um grande destaque a esta Cimeira, à qual todos os agentes da geopolítica devem estar atentos.

Ainda as festas de São João e as fogueiras

A noite de São João decorreu com grande animação e, através de longas transmissões televisivas, todos puderam acompanhar os festejos que ocorreram no Porto e em Angra do Heroísmo. Em tempos de grande preocupação pela crise económica que se desenha e da agitação social que sempre a acompanha, mas também pelo prolongamento da guerra e da tensão nas fronteiras europeias e das suas imprevisíveis consequências, é caso para dizer que “tristezas não pagam dívidas” e daí que o povo se tenha divertido a ver as marchas e os fogos-de-artifício, a bater com martelinhos e com alhos-porros, a comer sardinhas assadas e outros petiscos, sempre a cantar e a dançar. Foi, segundo pudemos ver na televisão, uma grande festa popular, que até levou ao Porto o senhor Presidente da República para se divertir e conviver com o seu povo.
Porém, os festejos de São João são diferentes em todas as comunidades mas, no imaginário popular, as fogueiras são um elemento essencial e são mesmo o traço comum de todos os festejos joaninos, sobretudo nas pequenas comunidades rurais que ainda sabem conservar as tradições ancestrais. Curiosamente, sabe-se lá porquê, as fogueiras de São João são pouco mencionadas no noticiário português, ao contrário do que acontece na Galiza, onde a imprensa publica fotografias e textos alusivos. 
Hoje na sua primeira página, o jornal Faro de Vigo publica uma fotografia a quatro colunas de “La noche más corta… y esperada”, acrescentando que “las hogueras atraen a miles de personas y plantan cara al mal tiempo en el primer San Xoan multitudinario desde que estalló la pandemia”.
Ainda bem que as memórias das fogueiras de São João da nossa infância não se perdem, ao menos na vizinha Galiza!