domingo, 11 de fevereiro de 2018

O diálogo pode acontecer nas Coreias

A abertura dos Jogos Olímpicos de Inverno em PyeongChang permitiu que as delegações das duas Coreias desfilassem juntas e sob a mesma bandeira, mas também proporcionou o encontro entre Moon Jae-in, o Presidente da Coreia do Sul, e Kim Yo-jong, a irmã de Kim Jong-un, o líder da Coreia do Norte. Na sua edição de hoje o jornal londrino The Independent destaca esse encontro e pergunta em título de primeira página se os sorrisos podem aliviar as tensões entre as duas Coreias.
Durante esse encontro, a senhora Kim Yo-jong convidou formalmente o presidente Moon Jae-in a visitar a Coreia do Norte e terá dito que deseja vê-lo em Pyongyang num futuro próximo, acrescentando que a troca de pontos de vista entre os dois presidentes pode melhorar as difíceis relações do passado. Trata-se, sem dúvida, de uma iniciativa positiva no sentido do desanuviamento da tensão na península coreana.
Acontece que, nesta altura, o vice-presidente americano Mike Pence está em PyeongChang e que até esteve a poucos metros da senhora Kim Yo-jong, sem se terem cumprimentado. Não sei se queriam ou se podiam cumprimentar-se, mas teria sido útil que o fizessem. Em vez disso, Mike Pence, preferiu alimentar a tensão e fazer uma declaração em que reafirmou que a Coreia do Sul e os Estados Unidos estão unidos perante a ameaça de Kim Jong-un.
Se Pence soubesse como aconteceu a aproximação de Richard Nixon à China depois de 25 anos sem qualquer contacto comercial ou relação diplomática, teria actuado de outra maneira. Nixon visitou a China em 1972 e classificou essa visita como "a semana que mudou o mundo", mas a parceria Trump-Pence parece que quer manter alta a tensão no mundo e preferir que as Coreias não se entendam.

Uma notável entrevista de António Costa

Não é habitual que um político português seja entrevistado por um grande jornal internacional e seja dado um tão grande destaque a essa entrevista, mas é o que acontece hoje com a edição do jornal conservador espanhol ABC e com a entrevista ao Primeiro-Ministro de Portugal, cuja fotografia ocupa toda a primeira página. O lead da entrevista é, por si só, um elogio ao governo português e nem precisa de tradução:
En apenas unos años Portugal ha pasado de ser um país rescatado a convertirse en modelo a seguir logrando una envidiable recuperación económica. Ha reducido el déficit, la deuda y el paro; se ha convertido en un foco de atracción de capitales, y la economía crece al mismo fuerte ritmo com que lo hacen el turismo y las exportaciones. Los portugueses han dicho adiós a la austeridad. Pero no ha sido un milagro. Detrás hay planificación política, y la respuesta activa del tejido empresarial que ha sabido encontrar una oportunidad para expandir su negocio fuera de las fronteras. Este «milagro» luso se ha producido en un novedoso contexto político. El socialista António Costa se convirtió a finales de 2015 en primer ministro a pesar de no ganar las elecciones. Lo consiguió dejando a un lado las diferencias con dos de sus rivales políticos, los comunistas y el Bloco Esquerda (BE), y consiguiendo que lo apoyaran pero sin hipotecarse a sus postulados más radicales. Costa ha demostrado estar dotado para el diálogo y el consenso”.
A entrevista é notável e é mais um contributo para o prestígio ascendente de Portugal além-fronteiras, com Costa a juntar-se a Guterres, a Centeno, a Cristiano Ronaldo e mais alguns portugueses de talento. Em determinada altura, um dos três entrevistadores refere que Portugal “ha protagonizado una recuperación económica espectacular” e até pergunta a António Costa se “no querría hacer política en España?”
Perante isto, nem sabemos o que dizer da gritaria que ouvimos na Assembleia da República e dos sistemáticos insultos que Assunção Cristas e Hugo Soares fazem a António Costa.

Até no futsal somos campeões da Europa

Antigamente chamava-se futebol de salão ou futebol de cinco e era a paixão dos jovens. Eu próprio gastei muitas horas da minha juventude a jogar futebol de salão, mas os tempos mudaram e aquele futebol profissionalizou-se e até adoptou o estrangeirado nome de futsal. A UEFA, que durante muito tempo ignorou esta modalidade menor, abriu-lhe as portas em 2002 quando aceitou a realização anual da UEFA Futsal Cup ou Taça dos Clubes Campeões Europeus de Futsal e, em 2010, quando promoveu a realização do primeiro UEFA Futsal Euro ou Campeonato Europeu de Futsal. Ontem realizou-se a final do UEFA Futsal Euro 2018 no Arena Stožice, em Ljubljana, na Eslovénia.
A equipa portuguesa, depois de ter derrotado a Roménia (4-1),a Ucrânia (5-3), o Azerbeijão (8-1) e a Rússia (3-2), chegou à final para defrontar a Espanha. Era um desafio temível, até porque nas dez edições anteriores da prova a Espanha obtivera sete triunfos, enquanto Portugal apenas conseguira um segundo lugar e dois quartos lugares. O trunfo português parecia ser apenas o jogador Ricardinho, que é um artista e ostenta o título de melhor jogador de futsal do mundo.
A equipa portuguesa venceu por 3-2 após prolongamento, sob o aplauso entusiástico de um numeroso grupo de jovens portugueses que estudam na Eslovénia. Portugal foi, pela primeira vez, campeão da Europa de futsal. A televisão tinha transmitido todos os jogos da equipa portuguesa e, por isso, em Portugal o assunto não passou ao lado do interesse do público. E foi realmente mais um caso para fazer subir a auto-estima dos portugueses que, de facto, têm conseguido grandes vitórias internacionais nos últimos tempos e transformado a imagem do nosso país na comunidade internacional. Hoje, todos os jornais generalistas portugueses, para além dos jornais desportivos, destacaram este acontecimento.