sábado, 13 de julho de 2013

As quezílias partidárias portuguesas


O discurso do Presidente da República do dia 10 de Julho, em que apelou a um consenso entre os três maiores partidos portugueses foi tardio e, como salienta o Diário Económico, agravou a crise política que só na aparência é recente. Desde há muito tempo, que era visível a necessidade de uma ampla base social de apoio para resolver alguns dos grandes problemas estruturais da sociedade e da economia portuguesas. Porém, bastava observar a agressividade das sessões da Assembleia da República, ouvir as intervenções de um sem número de deputados ignorantes ou analisar a lógica dos interesses pessoais ou partidários dos actores políticos, para verificarmos que poucos se subordinam ao chamado superior interesse nacional. A juntar a isto, está o falhanço das políticas do actual governo e os seus desastrosos resultados. Assim, a preocupação geral é cada vez maior e há cada vez menos paciência para ouvir quezílias partidárias, melindres, amuos e garotices. Estamos fartos de toda esta gente que vive amarrada ao poder. Por esta via não vamos a lado nenhum. Precisamos de outra gente, de outra ética e de outra noção de serviço público. Evidentemente que, sem deixar de ter presente os constrangimentos financeiros actuais, é urgente um acordo entre as principais forças políticas, eventualmente sob a forma de um pacto de médio prazo, com incidência em domínios como a justiça, a fiscalidade, a segurança social, os serviços públicos, a gestão orçamental e a gestão da dívida. Porém, nada disto terá sentido sem uma prévia reforma do sistema político, com menos deputados, vereadores, assessores, motoristas, seguranças e outros beneficiários do orçamento, com menos mordomias e regalias de toda essa gente recrutada nas fileiras partidárias, para que a classe política se possa apresentar ao povo com uma credibilidade mobilizadora e inspiradora de confiança. Podem começar o pacto exactamente por aí. Por aí começa também a "salvação nacional".