sexta-feira, 21 de abril de 2023

A paz, a guerra e o negócio do armamento

O jornal espanhol El Mundo, que é o segundo maior diário espanhol, anuncia hoje com destaque de primeira página, que os Estados Unidos vão entregar ao reino de Marrocos 112 supermísseis terra-terra de três modelos diferentes e com alcances entre os 82 e os 305 quilómetros, bem como 18 lançadores HIMARS, o que vai alterar o equilíbrio militar entre Marrocos e a Espanha. Estes lançadores de mísseis são iguais aos que têm sido entregues à Ucrânia e que o presidente Zelensky tanto tem elogiado, mas os mísseis são de potência superior aos que têm sido fornecidos aos ucranianos. O jornal refere, ainda, que este milionário investimento se enquadra num ambicioso plano para modernizar o exército marroquino para poder disputar a hegemonia regional com a vizinha Argélia, convertendo o reino de Marrocos numa potência regional até ao ano de 2030. Nesta altura, Marrocos afecta cerca de 4,2% do PIB a despesas militares, enquanto muitos países da NATO nem sequer atingem o valor de referência que é 2%. 
Esta notícia interessa à Espanha, mas também interessa a Portugal, pois diz respeito aos seus vizinhos do norte de África e é muito preocupante, pois mostra que o negócio do armamento supera todos os outros interesses partilhados pela Aliança Atlântica. É caso para pensar que alguns países da NATO, como acontece com Portugal e com a Espanha, vão passar a estar potencialmente ameaçados pelo reino de Marrocos, porque está a ser armado por um outro membro da NATO. Significa que, a pretexto de se disputar a superioridade entre Marrocos e a Argélia, o negócio da venda de armas se sobrepõe às considerações geopolíticas e aos interesses comuns dos membros da Aliança Atlântica. Quem nos diz que o reino de Marrocos não quer regressar ao Al-Andaluz, como fez o Califado Omíada no século VIII? É que tem havido declarações de responsáveis islâmicos a reivindicar a recuperação do Al-Andaluz, que foi o nome que há doze séculos os invasores deram à Península Ibérica. Significa que há alianças e ameaças, que há paz e há guerra, mas o que conta são os negócios, inclusive de armamento.

A aventura espacial a caminho de Marte

A Space Exploration Technologies Corp. é uma empresa conhecida como SpaceX, tem a sua sede na cidade californiana de Hawthorne e dedica a sua actividade à concepção e produção de sistemas aeroespaciais, transporte espacial e comunicações. Foi fundada por Elon Musk e fabrica motores de foguetes, cápsulas de carga, aeronaves tripuladas, satélites de comunicações e veículos de lançamento como o Falcon 9 e o Falcon Heavy. Recentemente a SpaceX criou o Starship, um veículo de lançamento superpesado com 119 metros de altura, que é o maior e mais poderoso veículo de lançamento construído até hoje, cujo objectivo expresso é a colonização espacial e cuja primeira missão será o eventual pouso em Marte de uma nave tripulada. Tanto Júlio Verne como Wernher von Braun ficariam entusiasmados com este projecto!
Elon Musk anunciou o seu interesse na colonização de Marte em 2001 e no ano seguinte fundou a SpaceX, tendo anunciado a data de 2029 para concretizar o primeiro pouso tripulado em Marte, para garantir a sobrevivência da espécie humana no longo prazo.
O Starship consta de duas partes: o propulsor que é um gigantesco foguete de 70 metros de altura com 33 motores e a espaçonave de 50 metros de altura, que é acoplada no topo do propulsor durante o lançamento e que depois se solta quando o propulsor consome todo o seu combustível.
Ontem, realizou-se a primeira tentativa de voo do Starship em teste orbital não tripulado. O foguete mais poderoso já construído descolou de uma plataforma de lançamento no Texas, mas terminou quatro minutos depois, quando o foguete falhou a sua entrada em órbita, começou a rodar e explodiu, provocando um enorme clarão sobre o golfo do México. “Foi um bom primeiro passo e uma oportunidade para aprendizagem”, declarou Elon Musk. As fotografias da explosão do Starship foram publicadas na generalidade da imprensa americana, nomeadamente no jornal The Dallas Morning News.