A mudança da embaixada americana de Telavive para Jerusalém que ontem se
concretizou, é uma provocação para quem quer a paz no mundo e veio romper com um consenso internacional sobre a cidade que
tem um estatuto especial, porque tanto os israelitas como os palestinianos a
querem para capital. A euforia tomou conta da cidade e há cartazes por todo o
lado anunciando “Trump Make Israel Great”, significando que a aliança entre
Donald Trump e Benjamin Netanyahu ou entre Israel e os Estados Unidos é mais
forte do que nunca e, provavelmente, faz parte de uma estratégia americana de
combate às influências russa e iraniana na Síria. Por isso, não são de esperar
boas notícias vindas daquela região e, pelo contrário, tudo se conjuga para que
haja confrontos.
A polémica decisão do Donald apenas vai ser acompanhada pela
Guatemala, Paraguai e Honduras. Por outro lado, a grande festa que assinalou a
inauguração da nova embaixada teve um apoio internacional mínimo e, no caso da
União Europeia, o boicote foi quase unânime pois o convite americano apenas foi
aceite por quatro países (Áustria, Hungria, Roménia e República Checa), porque
são governados por partidos de direita ou extrema-direita e, certamente, gostam
do Donald.
A decisão de reconhecer Jerusalém como a capital de
Israel foi uma afronta à Palestina e a reacção popular a esta decisão
provocatória, sobretudo na faixa de Gaza, foi imediata, com dezenas de milhares
de palestinianos a aproximarem-se da fronteira em protesto, lançando pedras e
pneus em chamas sobre as forças militares de Israel que reagiram e mataram pelo
menos 55 manifestantes e feriram cerca de dois mil, segundo relatam as agências
noticiosas.
Os tempos que aí vêm são realmente muito
inquietantes, porque os israelitas estão eufóricos e estão entusiasmados com o
Donald. Vamos a ver se a União Europeia e a Merkel, a May e o Macron estão à
altura do momento que passa.
Entretanto, saúda-se a capa do Diário de Notícias que soube seleccionar o assunto mais importante do dia, o que nem sempre acontece.