sábado, 20 de abril de 2013

Os momentos dolorosos da festa brava


Ontem, durante a lide do primeiro touro de uma das corridas da Feira de Sevilha, que se realizava na praça de touros La Real Maestranza, o toureiro madrileno Julián López ou El Juli foi colhido com muita gravidade. Era uma tarde soalheira com a temperatura acima dos 30 graus e estariam mais de doze mil espectadores nas bancadas. A corrida iniciara-se às 18.37 horas, quando saiu o primeiro touro (o Ebanista de 532 kilos) para ser lidado por El Juli. Ás 18.48 horas, isto é, com 11 minutos de lide, aconteceu uma violenta colhida do toureiro de 30 anos de idade. El Juli foi levantado do chão pelo touro que lhe perfurou a perna direita no sentido ascendente e com uma extensão de 25 a 30 centímetros, tendo o ferimento sido classificado como “grave, profundo e extenso”. Além disso, o touro atingiu o toureiro na boca e partiu-lhe vários dentes. Apesar da gravidade dos ferimentos, o toureiro ainda conseguiu levantar-se sem apoio, antes de ser retirado da arena pela sua quadrilha. El Juli é um dos maiores toureiros espanhóis e já tinha sido colhido e ferido na mesma perna em Julho de 2010, numa corrida das famosas Festas de San Fermin, em Pamplona.
Às 18.58 horas, isto é, 10 minutos depois, saiu o segundo touro da tarde (o Carretón de 579 kilos) e a corrida continuou com o público a vibrar de entusiasmo e sem saber se El Juli corria ou não perigo de vida. Com toda a normalidade. Com indiferença. Como se fosse um caso banal.
Apesar da tauromaquia e da chamada festa brava não fazerem parte dos meus espectáculos favoritos, reconheço que têm muitos admiradores, sobretudo em Espanha, mas também no sul de Portugal. É a chamada cultura da festa brava. Por isso, muitos jornais andaluzes, espanhóis e até latino-americanos destacaram a colhida de El Juli como tema da sua primeira página, ilustrando-a com uma oportuna fotografia. El Correo de Andalucia é apenas um exemplo.