sábado, 5 de janeiro de 2013

Há negócios que nem sempre correm bem

A edição de hoje do diário luxemburguês Le Quotidien dá um grande destaque a Cristiano Ronaldo, com uma fotografia do futebolista a toda a largura da primeira página. Na imprensa desportiva, sobretudo em Espanha, a imagem e o nome de Ronaldo aparecem com muita frequência, mas quando isso acontece no Luxemburgo com aquele destaque, ficamos com acrescida curiosidade, até pelo título do jornal a informar que “em Esch-sur-Alzette há um cartão vermelho para as irmãs de Ronaldo”. 
A história é simples. Um tal Albano Mariz quis ser o primeiro comerciante a abrir uma loja CR7 fora de Portugal, para vender a linha de roupa Cristiano Ronaldo e atrair a comunidade portuguesa do Luxemburgo. O seu sonho concretizou-se no passado dia 20 de Agosto quando a sua loja foi inaugurada no Centro Comercial Marco Polo em Esch-sur-Alzette. Porém as coisas não têm corrido bem e, contrariamente aos contratos celebrados com a empresa de roupas das irmãs de Ronaldo, o comerciante terá recebido restos de colecções e produtos não adequados à procura esperada por parte dos portugueses. Depois terá recebido a colecção de Inverno, mas os produtos recebidos seriam falsificados e de origem chinesa. Há negócios que nem sempre correm bem e comerciante entrou em desespero, com produto de má qualidade para vender e sem clientela. 
Segundo informa o jornal, Albano Mariz cancelou hoje seu contrato e interpôs uma acção judicial contra a empresa de roupas gerida pelas duas irmãs de Cristiano Ronaldo, tendo estimado o seu prejuízo em um milhão de euros. Se a história que envolve os nossos compatriotas é aquela que é contada pelo Le Quotidien, então é um caso lamentável que nada ajuda ao bom nome da comunidade portuguesa no Luxemburgo.

Uma governança que vai de mal a pior

Os primeiros dias deste novo ano de 2013 têm sido desastrosos para a imagem e para a credibilidade do governo português, não só devido à severidade da mensagem presidencial, das declarações de Mister Barroso e de um artigo do antigo presidente da Assembleia da República, mas também devido à dureza dos comentários que têm sido feitos pelos opinion makers. A tudo isto juntou-se a divulgação pelo Tribunal de Contas da Auditoria de seguimento das recomendações aos gabinetes governamentais (Relatório nº 36/2012 – 2ª Secção, Novembro de 2012) que, ao longo de 85 páginas, analisa as despesas de funcionamento dos gabinetes dos membros do governo, concluindo que “não existe evidência de que as despesas de funcionamento dos gabinetes dos membros do Governo tenham diminuído”. Assim, a austeridade que está a ser imposta aos portugueses e que se está a traduzir numa enorme perda do rendimento das famílias, levando a uma quebra na procura interna e a uma acentuada recessão da economia, parece não estar a ser seguida pelos governantes. O governo criticara os seus antecessores pelo seu elevado despesismo, mas comporta-se exactamente da mesma maneira e, só o gabinete do primeiro-ministro tem um numeroso quadro de pessoal com 50 pessoas, incluindo 12 adjuntos, 10 assessores, 15 secretários pessoais e 12 motoristas, para além de vários especialistas e do pessoal da segurança. Os 49 membros do governo, incluindo o primeiro-ministro, os 11 ministros e os 37 secretários de Estado parecem gastar com pouca regra e o Tribunal de Contas salienta “a inexistência de um tecto máximo para as despesas dos gabinetes”, bem como “a manutenção de uma opacidade a revelar que persistem anomalias, situação que deve ser ultrapassada em nome do rigor e da transparência orçamental”, criticando a ausência de regras relativas às chamadas regalias extra-salariais e acessórias (cartão de crédito, uso de viatura e despesas com telefone). A mensagem presidencial de Ano Novo salientou: “Precisamos de recuperar a confiança dos portugueses. Não basta recuperar a confiança externa dos nossos credores”. Porém, não é com estes exemplos que se recupera a confiança dos portugueses. O governo e a governação vão de mal a pior.