Estou de volta ao grupo central do arquipélago dos Açores, ao deslumbramento paisagístico e à riqueza cultural das ilhas, evocando uma vez mais Raul Brandão, o autor que revelou um dos aspectos mais singulares da paisagem açoriana: “Já percebi que o que as ilhas têm de mais belo e as completa é a ilha que está em frente – o Corvo, as Flores, Faial, o Pico, o Pico, S. Jorge, S. Jorge, a Terceira e a Graciosa…”.
A invernia já lá vai e o mau tempo no canal está ausente. Os dias são muito longos e o bom tempo prevalece. A vida renova-se. A serenidade das águas é apelativa. Chegam os primeiros emigrantes. Anunciam-se festejos por toda a parte.
É o tempo das Festas do Espírito Santo, tão características da vida dos Açores e que tanto contribuíram para desenvolver o sentido de comunidade e a riqueza cultural das ilhas. O culto do Divino Espírito Santo é dominado pelo cerimonial religioso, cujo fulcro é uma pequena capela ou império, utilizada para a distribuição geral do pão e das sopas do Espírito Santo - um apreciadíssimo cozinhado com pão, carne e legumes.
As ruas enfeitam-se e enchem-se de gente. O ambiente de festa tudo domina. Há um misto de alegria e de solenidade no ar. As bandas filarmónicas e as danças populares e, em certos locais, a tourada à corda, animam a festa.
As festas do Espírito Santo são um grande acontecimento religioso, mas também um ex-libris da cultura açoriana.