Na sua edição de
hoje o jornal luxemburguês Le Quotidien dedica um caderno
especial aos portugueses que vivem no Luxemburgo que, segundo as estatísticas,
são cerca de 80 mil e constituem cerca de 16% do total da população a viver no
grão-ducado.
O jornal não
permite o acesso aos seus textos sem que o interessado pague, o que é uma limitação
para quem não esteja disposto ou não possa ir por esse caminho. Porém, deixa
algumas frases como por exemplo “l’image de l’ouvrier reste trop ancrée” ou
“des barrières restent à lever”, o que significa que a integração dos
portugueses na sociedade luxemburguesa ainda padece dos mesmos estereótipos que,
durante muitos anos, afectaram os emigrantes portugueses em França e que só
agora começam a atenuar-se através de uma segunda geração que absorveu o modo
de vida francês, se integrou na sociedade e hoje está presente na política, na
economia e na cultura francesa.
O facto é que todos
os emigrantes quando deixam o seu país levam consigo os hábitos, a cultura e o
modo de vida que tinham no seu país de origem e, no país de acolhimento, tendem
a aceitar os trabalhos mais modestos, o que lhes traça uma imagem percebida
pela população local, sobretudo como operários da construção ou como pessoal
dos serviços domésticos. Paralelamente, os emigrantes criam o seu próprio
mundo, com os seus cafés, restaurantes, padarias, minimercados e empresas, mas
também com as suas associações, clubes sociais, equipas de futebol e grupos
folclóricos. Só muitos anos depois, com o aparecimento de uma segunda geração
que já domina a língua e tem outro envolvimento com a comunidade local, é que a
situação se altera.
A emigração
portuguesa para o Luxemburgo foi mais tardia do que a que se dirigiu para
França e, por isso, também essa integração tarda. No entanto, a associação L’Amitié Portugal-Luxembourg (Amitié.lu) já leva 50 anos de
actividades no sentido da plena integração dos portugueses na sociedade
luxemburguesa e, segundo refere o jornal, tem tido uma actividade muito
meritória.