sábado, 22 de fevereiro de 2020

A integração portuguesa no Luxemburgo


Na sua edição de hoje o jornal luxemburguês Le Quotidien dedica um caderno especial aos portugueses que vivem no Luxemburgo que, segundo as estatísticas, são cerca de 80 mil e constituem cerca de 16% do total da população a viver no grão-ducado.
O jornal não permite o acesso aos seus textos sem que o interessado pague, o que é uma limitação para quem não esteja disposto ou não possa ir por esse caminho. Porém, deixa algumas frases como por exemplo “l’image de l’ouvrier reste trop ancrée” ou “des barrières restent à lever”, o que significa que a integração dos portugueses na sociedade luxemburguesa ainda padece dos mesmos estereótipos que, durante muitos anos, afectaram os emigrantes portugueses em França e que só agora começam a atenuar-se através de uma segunda geração que absorveu o modo de vida francês, se integrou na sociedade e hoje está presente na política, na economia e na cultura francesa.
O facto é que todos os emigrantes quando deixam o seu país levam consigo os hábitos, a cultura e o modo de vida que tinham no seu país de origem e, no país de acolhimento, tendem a aceitar os trabalhos mais modestos, o que lhes traça uma imagem percebida pela população local, sobretudo como operários da construção ou como pessoal dos serviços domésticos. Paralelamente, os emigrantes criam o seu próprio mundo, com os seus cafés, restaurantes, padarias, minimercados e empresas, mas também com as suas associações, clubes sociais, equipas de futebol e grupos folclóricos. Só muitos anos depois, com o aparecimento de uma segunda geração que já domina a língua e tem outro envolvimento com a comunidade local, é que a situação se altera.
A emigração portuguesa para o Luxemburgo foi mais tardia do que a que se dirigiu para França e, por isso, também essa integração tarda. No entanto, a associação L’Amitié Portugal-Luxembourg (Amitié.lu) já leva 50 anos de actividades no sentido da plena integração dos portugueses na sociedade luxemburguesa e, segundo refere o jornal, tem tido uma actividade muito meritória.