quinta-feira, 7 de março de 2013

Vodafone Red

Hoje, estranhamente, os principais jornais portugueses – generalistas, económicos e desportivos – apareceram nas bancas totalmente coloridos de vermelho. A dúvida assaltou-me. Seria uma forma de solidariedade para com a Venezuela e uma homenagem ao Presidente Hugo Chavez? Seria um apoio ao Benfica para o seu jogo desta noite com o Bordéus para a Liga Europa? Não podia ser nenhuma destas coisas. Só poderia ser uma qualquer mensagem publicitária induzida. Lembrei-me, então, que desde há dois dias, havia alguns outdoors a anunciar um novo pacote de serviços da Vodafone – o Vodafone Red.
O vermelho dos jornais cumpriu os dois primeiros passos do processo de comunicação publicitária - chamar a atenção e despertar o interesse. Depois, suscitou-me o desejo de conhecer o conteúdo da mensagem induzida no vermelho da capa dos jornais. Verifiquei, então, que a Vodafone decidiu responder à ofensiva recentemente lançada pela PT através da marca Meo, juntando  no mesmo pacote os serviços de internet, telemóvel, telefone fixo e televisão, com um tarifário atraente e competitivo, que pode levar à experimentação/aquisição do novo serviço. O vermelho serviu, portanto, os quatro pilares essenciais da comunicação publicitária: atenção, interesse, desejo e aquisição. 
Não sei se o Vodafone Red é melhor ou pior que a PT, mas ambas estão a lutar por um lugar no mercado das telecomunicações e a antecipar-se à anunciada fusão entre a Zon e a Optimus, que deverá estar concluída no Verão. A concorrência é assim e os consumidores é que ganham. É pena que este tipo de guerra não chegue à banca e aos combustíveis onde,  por vezes, a cartelização parece evidente.

Hugo Chávez, um amigo de Portugal

A morte de Hugo Chávez, o Presidente da República Bolivariana da Venezuela, era esperada mas nem por isso deixou de ser notícia na imprensa mundial.
Chavez foi eleito em 1998 e foi sucessivamente reeleito para a Presidência da República em todas as votações, a última das quais sucedeu em Outubro de 2012, tendo-se destacado internamente pelas suas políticas de inclusão social, de combate à pobreza e de cooperação no quadro latino-americano e, internacionalmente, pelo seu anti-americanismo e anti-capitalismo.
A Venezuela é um país em que vivem cerca de meio milhão de portugueses e em que se estima haver um milhão e meio de luso-descendentes (cerca de 5% da população), pelo que as relações bilaterais luso-venezuelanas são muito importantes. Hugo Chávez sempre expressou simpatia pela comunidade portuguesa e empenhou-se pessoalmente no desenvolvimento das relações económicas entre os dois países, tendo visitado Portugal por quatro vezes durante os seus doze anos de mandato. Daí resultou um enorme incremento das relações económicas entre os dois países e uma balança comercial muito favorável a Portugal. Hoje a Venezuela é o 19º mercado português e é o quinto mercado mais importante fora da União Europeia, tendo as exportações de bens e serviços aumentado 65,8% em 2012 e atingido mais de 500 milhões de euros.
Em Portugal todos os dirigentes políticos reconhecem Hugo Chávez como um grande amigo de Portugal e, numa altura em que no seio da própria Europa se está a perder a ideia de solidariedade, a evocação de um país e de um líder que mostrou essa mesma solidariedade para com os portugueses merece ser posta em evidência.