sábado, 19 de dezembro de 2020

Shanghai Grand Opera House

O jornal Shanghai Daily revela hoje que, depois de um concurso internacional, o projecto de completo de arquitectura e de arranjos exteriores da Shanghai Grand Opera House, foi adjudicado à Snøhetta, um famoso escritório internacional de arquitectura e de design de exteriores e de interiores, com sede em Oslo e com delegações em Nova Iorque, S. Francisco, Paris, Innsbruck, Hong Kong, Adelaide e Estocolmo. 
Trata-se de uma iniciativa para dotar a cidade de um espaço cultural moderno que estimule as práticas culturais da população local e seja, também, um polo de atracção de visitantes. O novo espaço cultural da cidade de Shanghai ocupa uma área de 124 mil metros quadrados, localiza-se na margem do rio Huangpu e pretende tornar-se num espaço de atracção de artistas e de públicos, destinando-se à apresentação de ópera clássica e de ópera chinesa, concertos de música clássica e outras apresentações experimentais que possam atrair públicos mais jovens. Espera-se que venha a tornar-se o ex-libris da cidade e o ponto de encontro adequado para eventos de grande escala, prevendo-se que venha a estar aberto 24 horas por dia durante 365 dias. 
A maqueta do edifício mostra a grandeza do projecto que deverá estar concluído em 2024 e cuja descrição revela que incluirá três grandes auditórios para 2000, 1200 e 1000 lugares e muito vidro para valorizar a luz natural, num enquadramento espacial dominado por arvoredo e com vistas sobre a cidade e sobre o rio.

Goa Liberation Day 2020

O Goa Liberation Day celebra-se hoje e é evocado na edição diária do Herald, assinalando a data em que o General Vassalo e Silva apresentou a rendição das suas tropas ao General K. P. Candeth, que comandou a invasão de Goa e terminou com uma presença portuguesa naquele território que durara 451 anos. A acção desencadeada pelas Forças Armadas da Índia teve o nome de código de Operation Vijay, durou cerca de 36 horas e, segundo alguns registos que circulam, causou a morte a vinte e dois indianos e a trinta portugueses. Na Índia, a acção sobre Goa é um destacado capítulo da sua história porque ajudou a forjar o sentimento de unidade nacional num território de tanta diversidade, enquanto em Portugal é sempre assinalada a desproporção das forças envolvidas e o comportamento exemplar de alguns militares, nomeadamente da Marinha. Porém, raras vezes se destaca a intransigência do regime político português e o seu erro de avaliação estratégica, ao rejeitar os “ventos de mudança” que sopravam no mundo, nem seguir os exemplos do Reino Unido e da França, nem escutar os anseios autonomistas das elites goesas, nem atender às propostas de Jawaharlal Nehru. António Salazar e o seu regime foram incapazes de avaliar a situação e, mais tarde, de reconhecer o seu erro, tratando de responsabilizar os militares portugueses pela traumática queda da Índia Portuguesa. 
Em Goa celebra-se o Goa Liberation Day, mas os acontecimentos de Dezembro de 1961 ainda por lá suscitam alguma controvérsia. Apesar do Supremo Tribunal da Índia ter declarado que a anexação de Goa foi uma “conquest by invasion” das Forças Armadas Indianas, ainda se discute localmente se se tratou de uma invasão ou de uma libertação, numa evidente postura de natureza política e cultural. Os mais velhos ainda se interrogam como foi possível a cegueira salazarista de rejeitar negociações com Nehru e de ter sido aberta a porta da intervenção armada indiana e de tudo o que se seguiu depois, que tem sido uma tentativa oficial de desportugalização da vida social e cultural goesa. 
Goa é o mais desenvolvido estado indiano e tem o maior grau de ocidentalização do país, mas a herança cultural portuguesa não é alheia a esses indicadores. O facto que aqui se salienta é que Portugal faz parte da história de Goa, tal como Goa faz parte da história de Portugal e é essa forte interacção cultural que, para além das análises políticas, hoje aqui relembramos.