No dia 24 de
Fevereiro, logo que Putin anunciou uma “operação militar especial” em
território ucraniano, classificamos aqui que era “um dia negro na História da
Europa” e a concluir esse texto escrevemos:
“Todos condenam Putin e declaram
solidariedade para com o povo ucraniano. Nós também. Que o cessar-fogo e a
diplomacia cheguem depressa. Que tudo isto seja apenas um sonho mau”.
Vai para dois
meses que essa invasão começou. O invasor russo terá imaginado que tudo resolveria
numa semana, mas falhou na sua caminhada para Kiev, onde não esperava a
corajosa resistência dos ucranianos. As tentativas já feitas para conseguir um
cessar-fogo ainda não resultaram e os trágicos efeitos da guerra são visíveis nos
mortos deixados no terreno, nas filas de milhares de refugiados e nas
indescritíveis marcas de destruição das cidades. Nestas circunstâncias todos
perdem com a catástrofe humanitária desta guerra, embora os russos venham
perdendo mais, sobretudo porque foram travados nas grandes cidades e perderam o
Moskva, o navio-chefe da sua frota do
mar Negro.
Não se sabe bem
como estão as coisas no terreno, mas as informações são contraditórias. A
imprensa americana de hoje anuncia que “Putin proclaims fall of Mariupol, yet
fight goes on (The New York Times) e
que “Russia claims Mariupol victory as Ukrainian troops hold out” (The Wall Street Journal), mas The
Washington Post diz que “U.S. reinforces aid to Ukraine”.
Há várias
teorias, que diariamente são expostas pelos comentadores televisivos, quanto ao
possível desenvolvimento da guerra, às ajudas e aos envolvimentos externos, à
prática de crimes de guerra e à capacidade de resistência dos contendores, mas
ninguém, ou quase ninguém, fala do cessar-fogo e da paz, como se não fosse esse
o principal objectivo a perseguir. A propaganda domina e há quem queira que a
guerra continue, parecendo cada vez mais que a Ucrânia e os ucranianos são
apenas um campo experimental, ou um pretexto, para que os grandes poderes se
enfrentem na sua ganância pelo domínio do mundo.