Todos nos
lembramos de um tempo não muito distante em que a arrogância da banca se impunha
sobre a sociedade portuguesa, com o anúncio de milhões de euros de resultados e
a atribuição de gigantescos prémios de gestão. Muitos pensavam que era um desvario
e uma quase loucura o que se passava com a banca portuguesa que, na sua
gananciosa actividade, estimulava os portugueses a endividarem-se para comprar
casa, comprar carro, comprar férias, comprar tudo. Era um mar de facilidades
para os clientes e, viu-se depois, também um mar de facilidades para os
gestores. Aconteceu o escândalo do BPN e esperava-se que a lição tivesse sido
aprendida. Não foi. Veio o caso BPP. E o caso BES. Agora vem o Banif. É só mais
um caso na banca portuguesa. E é mais uma vergonha, com um custo para os
contribuintes que pode chegar a três mil milhões de euros.
Há dois anos o
governador do Banco de Portugal tinha dito que o Estado recuperaria com lucro
os 1100 milhões de euros que injectara no Banif. Passos Coelho confirmou e até disse que era um bom negócio, pois esse dinheiro ia render juros ao Estado. Depois, instada no Parlamento,
a ministra Albuquerque assegurou que tudo tinha sido bem estudado. Agora,
a Comissão Europeia veio recordar que desde há muito tempo manifestava
preocupações relativamente à viabilidade do Banif. Então, todos sabiam, mas
Passos Coelho, Paulo Portas, Maria Luís Albuquerque e todo o anterior governo,
mas também Carlos Costa e essa desonesta trupe de incompetentes que se passeia pelo Banco
de Portugal, não actuaram e são os responsáveis directos pelo que aconteceu. Por
desleixo, por incompetência ou por opção política deixaram
arrastar a situação e a intervenção no Banif, que deveria ter sido feita em 2013, não se
fez. Foi essa a “saída limpa” de que tanto se orgulharam! Entretanto Cavaco, que tanto sabe de bancos, está calado, o que até nem admira. Tudo isto é uma irresponsabilidade. Uma vergonha!