sábado, 26 de outubro de 2019

A crise também já chegou à NATO

A Organização do Tratado do Atlântico Norte (NATO), por vezes chamada apenas como Aliança Atlântica, é uma aliança militar que foi assinada no dia 4 de Abril de 1949 por doze países – Estados Unidos, Canadá, Reino Unido, França, Bélgica, Holanda, Luxemburgo, Dinamarca, Noruega, Itália, Islândia e Portugal.
Depois, a NATO alargou-se e em 1952 entraram a Grécia e a Turquia, em 1955 a Alemanha, em 1982 a Espanha e, numa incompreensível e precipitada decisão, seguiu-se o ingresso de muitos outros países sem qualquer relação física ou cultural com o Atlântico, mas apenas para os isolar de outras influências ou contágios.
Hoje a NATO já agrega 29 estados-membros, o último dos quais é o Montenegro. Provavelmente, já são países a mais. 
A NATO constitui essencialmente um sistema de defesa colectiva em que os seus estados-membros concordam com a defesa mútua em resposta a um ataque por qualquer entidade externa. Porém, quando um estado-membro se envolve em conflitos militares, a organização costuma consultar-se e tomar posição.
Foi o que agora aconteceu. Com a retirada unilateral americana do norte da Síria e a ofensiva turca na mesma região, os ministros da Defesa da NATO reuniram em Bruxelas e foram muito críticos em relação ao que se passa naquela área, onde os russos estão a reforçar a sua determinante influência junto dos diversos poderes regionais. Donald Trump e Recep Erdogan foram os alvos das críticas ministeriais e, enquanto houve 28 estados-membros a instar a Turquia para que suspendesse as suas operações, também tivemos Erdogan a afirmar que ninguém travará a ofensiva turca.
O facto é que, com 29 membros cultural e politicamente tão diferentes, como é possível sustentar uma aliança que depois da guerra fria perdeu todo o sentido, que actua bem longe do seu quadro atlântico e que insiste em querer manter uma unidade que na realidade não existe? É hoje evidente, até pelo que se passa com o Brexit e com grosseiro anti-europeismo de Trump, que a NATO é uma organização sem qualquer lógica ou coesão racionais e que apenas se mantém porque dá emprego, prestígio e poder a muita gente. Hoje o diário francês Le Monde retrata a “profunda crise” que atravessa a NATO, a organização onde têm assento Trump e Erdogan, mas também Boris Johnson, Matteo Salvini e Viktor Orbán, entre outros figurões.