São terríveis e
muito dolorosas as imagens e as notícias que diariamente nos chegam sobre os
refugiados que procuram fugir às guerras, de cujas responsabilidades os líderes europeus não estão isentos. É um retrato de uma Europa sem rumo, incapaz
de sair da sua zona de conforto e definir uma estratégia comum de solidariedade
para com os que procuram a paz, esquecendo um passado recente em que ela
própria gerou milhões de refugiados. Essa incapacidade agora evidenciada de
forma chocante nas fronteiras da Hungria, mas também nas medidas já tomadas
pelas autoridades alemãs, austríacas, eslovacas, eslovenas e croatas, já se
tinha revelado em relação à política internacional e, em especial, na forma
desordenada como alguns dos seus membros actuaram militarmente no Iraque, na
Líbia e na Síria. Da mesma forma, as suas posições na Ucrânia não auguram nada
de bom. Além disso, a União Europeia não tem sido capaz de assumir políticas
comuns viradas para o crescimento e para o emprego, estando cada um dos seus estados-membros
a refugiar-se nos seus interesses nacionais e num absoluto egoismo,
incompatível com o espírito do Tratado de Roma.
Paradoxalmente
(ou não) os dirigentes da União Europeia têm-se mostrado muito activos em
relação à crise financeira que tem penalizado gravemente os países do sul, mostrando-se
intransigentes em relação às suas “dívidas soberanas”e aos juros especulativos
que lhes são cobrados, que põem em causa a sua própria sobrevivência. Essa
intervenção, em que se tem destacado o Eurogrupo e um tal Jeroen Dijsselbloem, tem sido um rotundo falhanço,
uma constante manipulação do medo e da incerteza e uma permanente ameaça,
principalmente para os gregos, mas também para os portugueses, os espanhóis, os
italianos e os cipriotas. Porém, enquanto para tratar da governação, da dívida e do futuro
da Grécia se fizeram maratonas de reuniões, o drama dos refugiados
apanhou Bruxelas de surpresa e mostrou que a solidariedade europeia é uma farsa. É caso para perguntar a Durão Barroso, que tão activo esteve no apoio à invasão do Iraque, porque não pensou que as guerras que alimentou, ou não contrariou, haveriam de gerar a multidão de refugiados que estão a chegar à Europa. Ele e a sua corte de assessores não pensaram nisso.
A União Europeia está mesmo sem rumo e à deriva!
A União Europeia está mesmo sem rumo e à deriva!