segunda-feira, 19 de novembro de 2018

O estranho caso das touradas em Portugal

As touradas e as outras festas tauromáquicas apareceram agora na agenda política e mediática mas não são um problema e, muito menos, um problema importante. Importantes serão outros problemas como a pobreza ou a fome, os baixos salários e as pensões, a desertificação do interior, as alterações climáticas ou a poluição dos nossos rios. Esses é que são alguns dos nossos verdadeiros problemas!
As corridas de touros e as touradas não são um problema, pois são apenas espectáculos que muita gente aprecia loucamente e que, outros tantos, detestam também loucamente.
No primeiro grupo estão os que condenam a barbaridade que é picar ou matar um touro e, no outro grupo estão os que transbordam de entusiasmo pela festa brava e que são os chamados aficionados. Entre os meus amigos tenho quem pertença ao primeiro grupo e quem pertença ao segundo.
As festas tauromáquicas fazem pare da cultura portuguesa desde há muitos anos e nalguns casos são verdadeiras festas populares, caso das largadas de touros do Colete Encarnado em Vila Franca de Xira, das Festas da Moita ou de Alcochete, das touradas à corda na ilha Terceira e de outras festas tauromáquicas que se realizam em diversas localidades do país.
Hoje o jornal i salienta que a “tourada agita família socialista”, mas provavelmente agita muito mais famílias, porque são duas barricadas irreconciliáveis. Por isso, há que compatibilizar a vontade das gentes da Moita, de Vila Franca de Xira e da Praia da Vitória, por exemplo, com a vontade das gentes de outras localidades onde a festa brava não tem tradição, nem é apreciada. A cultura portuguesa tem muitas especificidades regionais e as festas tauromáquicas têm esse cunho regional. Assim, deverá ser cada Município a decidir a solução de maior agrado para os seus munícipes, tal como decide sobre outras iniciativas culturais. Pessoalmente, tenciono continuar a optar por outras iniciativas culturais.