quarta-feira, 21 de setembro de 2011

A ventania já chegou a Itália

Na sua última edição o jornal Frankfurter Allgemeine mostra-nos uma fotomontagem da Torre de Pisa a ser apoiada por uma jovem loira, possivelmente alemã, sob o título “inclinações italianas”. Na respectiva legenda, o jornal pergunta: “apoiar ou derrubar?”
A imagem é particularmente expressiva e mostra que, por vezes, uma imagem vale mais do que mil palavras.
A Itália está a passar por grandes dificuldades financeiras e o governo de Berlusconi parece não ter soluções para além da receita habitual, centrada na austeridade. Há dias, o Parlamento italiano aprovou um plano de austeridade de 54 mil milhões de euros, com o objectivo de permitir atingir o equilíbrio orçamental em 2013 e reduzir a dívida que já atinge 120% do PIB. Apesar disso, a Standard and Poor's não acredita nesse plano nem na sua aceitação social, pelo que baixou o rating da Itália, devido também às fracas perspectivas de crescimento económico, que vão dificultar os objectivos da redução do défice e da dívida.
Significa que as dúvidas existentes quanto à solução das dívidas soberanas e quanto ao futuro do euro, já atingem claramente um dos países fundadores da CEE e do euro. Já não bastavam a Grécia, Portugal e a Irlanda. A ventania já chegou a Itália. Agora são os alemães a perguntar se a Itália deve ser apoiada ou deixada cair, como sugere a fotomontagem.

Um lugar melhor para viver

O jornal The Times of India (TOI) cujas edições se publicam em várias cidades indianas, tem maior a circulação mundial entre todos os jornais de língua inglesa, estimando-se que tenha diariamente cerca de 14 milhões de leitores. É, por isso, um meio de comunicação altamente influente na sociedade indiana.
“They Make India A Better Place” foi o destaque escolhido na sua última edição, a enaltecer e a preparar-se para premiar com os TOI Social Impact Awards, aqueles que procuram fazer da Índia um lugar melhor para viver, através de acções de solidariedade.
O jornal conhece bem a Índia, a sua heterogeneidade cultural, a sua diversidade linguística e religiosa, assim como as suas grandes assimetrias económicas e sociais; conhece os contrastes entre a exuberante fortuna de uns e a extrema pobreza de muitos milhões; conhece uma classe média cada vez mais fascinada pelos valores do consumo; conhece as enormes carências da população mais desfavorecida.
Nesse país de grandes contrastes, há um enorme espaço para a intervenção solidária de pessoas, grupos, organizações não governamentais, associações religiosas, fundações e outros tipos de entidades, que não esperam pela intervenção estadual e decidem dedicar-se à promoção do bem comum e ao apoio de causas sociais nas áreas da saúde, educação e combate à pobreza, mas também em outras áreas como o ambiente, o microcrédito, a reflorestação, a electrificação rural, o saneamento básico, etc. É a pensar nessas pessoas e entidades que trabalham para fazer da Índia um lugar melhor para viver que, todos os anos, o jornal atribui os TOI Social Impact Awards, que têm um grande impacto mediático e cujos efeitos são mobilizadores e multiplicadores.
Bom seria que, por cá, jornais e televisões alterassem muitas das suas linhas editoriais e programações, reconhecendo e estimulando aqueles (que ainda são muitos) que trabalham “para fazer de Portugal um lugar melhor para viver”.