quarta-feira, 15 de maio de 2019

A Espanha diz não aos Estados Unidos

Nos últimos dias a imprensa internacional tem destacado uma inquietante subida da tensão entre o Irão e os Estados Unidos, na sequência da retirada americana do acordo que limitava o programa nuclear iraniano e da reintrodução de sanções contra o seu regime, o que levou os americanos a reforçar a sua presença militar na região e a deslocar para o golfo Pérsico um grupo de combate constituído pelo porta-aviões USS Abraham Lincoln com 85 aeronaves, um cruzador lança-mísseis, três destroyers, um submarino, um navio de apoio logístico e... uma fragata espanhola.
A União Europeia tratou de pedir contenção aos Estados Unidos pois já se ouvem os tambores de guerra, para evitar uma escalada da tensão na região que produz e exporta uma boa parte do petróleo mundial, pois está preocupada com o risco de um conflito acidental e com a imprevisibilidade de Donald Trump, que é pouco confiável em política externa como se tem visto. Então como é que aparece uma fragata espanhola no meio desta ameaçadora força naval?
O assunto é tema de primeira página de toda a imprensa espanhola. Acontece que, por um acordo celebrado há dois anos, estava previsto que uma fragata espanhola acompanhasse a força naval americana, como exercício de treino operacional e para comemorar os 500 anos da volta ao mundo de Magalhães-Elcano. Assim, a fragata Méndez Núñez, o único navio não americano dessa força naval, iria permanecer com a força naval durante seis meses, acompanhando-a desde o Mediterrâneo e, depois, pelo mar Vermelho, oceano Índico, mar da China e oceano Pacífico, até à sua base de San Diego, após o que regressaria a Espanha pelo canal do Panamá, completando uma volta ao mundo. Porém, as autoridades espanholas decidiram retirar temporariamente a sua fragata desta força porque a missão que agora lhe foi atribuída não estava prevista no acordo inicial. A Espanha disse não aos Estados Unidos. A fragata Méndez Núñez não entrará no golfo Pérsico e juntar-se-à depois à força americana quando esta regressar ao oceano Índico. Os americanos não gostaram, mas Margarita Robles, a ministra da Defesa espanhola, foi firme: “Habia 28 puertos previstos en el despliegue y este no entraba dentro de las previsiones”.