Um estudo do BCE hoje
divulgado na imprensa, revela que entre 2008 e 2014, cada português já pagou
1950 euros para salvar bancos, isto é, o Estado já gastou 19,5 mil milhões de
euros (11,3% do PIB) no apoio ao sector financeiro. É muito dinheiro! Embora este apoio seja menor
do que aquele que foi concedido na Irlanda (31,1%), na Grécia (22,1%) e em
Chipre (18,8%), o facto é que o BCE “dá nota muito negativa a Portugal”,
sobretudo pela incapacidade que tem demonstrado para recuperar essa ajuda.
Este valor de
19,5 mil milhões de euros líquidos, engloba os diversos tipos de intervenção
feitos pelo Estado ao longo da grave crise financeira nascida nos Estados
Unidos com a vigarice dos subprimes e
a falência do Lehman Brothers e que, em Portugal, se iniciou com a
nacionalização do BPN, passou por outras intervenções no sistema bancário como
o empréstimo de capital contingente ao BPI, CGD, BCP e Banif (que também teve
uma injecção de fundos) e cujo capítulo final foi a intervenção no BES/Novo
Banco, através do Fundo de Resolução.
A discriminação
desses 19,5 mil milhões de euros é pouco transparente, vá-se lá saber porquê... Até
finais de 2014 a factura real do BPN já atingia 2691 milhões de euros, enquanto
3900 milhões de euros eram emprestados ao Fundo de Resolução para resolver o
Novo Banco. A execução de garantias do BPP já custou 450 milhões de euros. E há
os empréstimos ao BPI (já integralmente devolvido), à CGD, ao BCP, ao Banif e eu sei lá mais a quem, ou seja, são 19,5 mil milhões de euros, segundo o BCE!
O facto é que
sabemos pouco disto, embora saibamos que no essencial a banca continua
arrogante e “a comer e a beber” do melhor, como se nada tivesse acontecido. Porém,
este estudo do BCE tem a virtude de provar que a difícil situação por que temos
passado resulta desta irresponsabilidade da banca e de quem a geria e que não é,
sobretudo, a consequência de má governação ou de termos vivido acima das nossas
possibilidades, como nos últimos anos tem sido muito repetido.