Há uma grande inquietação por
toda a Europa devido à seca extrema que está a afectar muitos países e o jornal
La
Voix du Nord, que se publica na cidade francesa de Lille, destaca na
sua última edição “une crise de l’eau historique”. Numa altura em que as
consequências da guerra na Ucrânia e, em especial, os efeitos das sanções impostas
à Rússia aceleraram o processo inflacionário e a crise energética que já afectavam a
normalidade económica da Europa, surgiu a maior seca dos últimos anos.
A seca hidrológica aumentou na
península Ibérica, França, Roménia, Alemanha ocidental e várias regiões do
Mediterrâneo, incluindo o sul e o centro da Itália, o sul da Grécia, a Croácia
e a Bósnia-Herzegovina. Algumas zonas já tinham sido afectadas pela seca na
passada Primavera, como sucedeu no norte
da Itália, no sueste da França e em algumas áreas da Roménia e da Hungria, mas
nas últimas semanas a situação agravou-se nessas regiões. Na origem da seca
severa que está a afectar a Europa está o défice de precipitação registado no
Inverno e na Primavera, que foi agravado mais recentemente pelo efeito de
várias ondas de calor que ocorreram a partir de Maio. A falta de precipitação
fez com que se reduzisse de forma significativa a quantidade de água no solo, o
desenvolvimento de várias colheitas agrícolas, o caudal de muitos rios e o armazenamento
de água nas barragens. Há vários rios europeus cujo caudal está reduzido a
mínimos históricos e, se os portugueses referem o Tejo, os italianos citam o Pó
e os franceses o Garona.
“De Este a Oeste, a seca que assola a Europa é
histórica”, refere o jornal francês. Não há memória de uma seca desta dimensão
e ninguém arrisca prever quando esta situação poderá ser ultrapassada, sendo
inúmeras as restrições ao consumo da água, designadamente em municípios
portugueses, espanhóis e franceses.
Costumava-se falar em crises da água em
África e no Médio Oriente, mas agora essa crise chegou à Europa que,
aparentemente, não estava preparada para que a água lhe faltasse.