Nicolas Sarkozy,
que entre 2007 e 2012 serviu como o 23º presidente da França, foi considerado
culpado de associação criminosa e condenado a cinco anos de prisão, o que
significa que, pela primeira vez, na vigência da 5ª República, um ex-Presidente
vai cumprir pena de prisão nas próximas semanas porque, com a ajuda dos seus
colaboradores próximos, montou uma "conspiração criminosa" com o
objectivo de "preparar uma operação de corrupção ao mais alto nível
possível", quando era candidato às eleições presidenciais de 2007. Naturalmente,
toda a imprensa francesa, caso do jornal La Dépêche du Midi destacou esse
assunto.
Nicolas Sarkozy tem
70 anos de idade e teve uma longa carreira política que foi ensombrada por
vários escândalos, embora nenhum deles tivesse tido o impacto que teve a sua
ligação a Muammar Khadafi e ao financiamento da sua campanha presidencial de
2007, em que terá recebido milhões de euros provenientes da Líbia.
No julgamento que decorreu em
Paris, o ex-Presidente Sarkozy foi absolvido das acusações de recebimento,
apropriação indevida de fundos públicos e corrupção passiva, mas foi condenado por conspiração criminosa por ter
"permitido que os seus próximos" se dirigissem às autoridades líbias
para o financiamento da sua campanha presidencial. Após conhecer a sentença e
como é habitual nestes casos, Nicolas Sarkozy o
anunciou que irá recorrer da decisão e
reafirmou a sua inocência. Apesar dos obstáculos processuais, foi feita
justiça e isso é uma boa notícia para a democracia, pois mostra que ninguém
está acima da lei, numa altura em que a desconfiança do público em relação aos
políticos atingiu níveis preocupantes em muitas partes do mundo e também mostra
independência face às crescentes tentativas de interferência estrangeira, como
aconteceu com a condenação de Jair Bolsonaro.
Este caso que nos chega de
França, lembra-nos que a questão do financiamento ilícito das actividades
partidárias também existe por cá, embora os respectivos processos, quando
abertos, acabem sempre por ser arquivados.