sábado, 27 de setembro de 2025

Sarkozy: ninguém está acima da lei

Nicolas Sarkozy, que entre 2007 e 2012 serviu como o 23º presidente da França, foi considerado culpado de associação criminosa e condenado a cinco anos de prisão, o que significa que, pela primeira vez, na vigência da 5ª República, um ex-Presidente vai cumprir pena de prisão nas próximas semanas porque, com a ajuda dos seus colaboradores próximos, montou uma "conspiração criminosa" com o objectivo de "preparar uma operação de corrupção ao mais alto nível possível", quando era candidato às eleições presidenciais de 2007. Naturalmente, toda a imprensa francesa, caso do jornal La Dépêche du Midi destacou esse assunto.
Nicolas Sarkozy tem 70 anos de idade e teve uma longa carreira política que foi ensombrada por vários escândalos, embora nenhum deles tivesse tido o impacto que teve a sua ligação a Muammar Khadafi e ao financiamento da sua campanha presidencial de 2007, em que terá recebido milhões de euros provenientes da Líbia. 
No julgamento que decorreu em Paris, o ex-Presidente Sarkozy foi absolvido das acusações de recebimento, apropriação indevida de fundos públicos e corrupção passiva, mas foi condenado por conspiração criminosa por ter "permitido que os seus próximos" se dirigissem às autoridades líbias para o financiamento da sua campanha presidencial. Após conhecer a sentença e como é habitual nestes casos, Nicolas Sarkozy o anunciou que irá recorrer da decisão e reafirmou a sua inocência. Apesar dos obstáculos processuais, foi feita justiça e isso é uma boa notícia para a democracia, pois mostra que ninguém está acima da lei, numa altura em que a desconfiança do público em relação aos políticos atingiu níveis preocupantes em muitas partes do mundo e também mostra independência face às crescentes tentativas de interferência estrangeira, como aconteceu com a condenação de Jair Bolsonaro.
Este caso que nos chega de França, lembra-nos que a questão do financiamento ilícito das actividades partidárias também existe por cá, embora os respectivos processos, quando abertos, acabem sempre por ser arquivados.