A edição de hoje
do diário desportivo francês L’Équipe inclui o seu habitual
magazine de fim-de-semana, que é dedicado ao futebolista Cristiano Ronaldo dos
Santos Aveiro, nascido na cidade do Funchal no ano de 1985. A capa da revista
utiliza uma imagem estilizada do futebolista português, a sugerir que estamos
perante uma figura que não pertence ao mundo real, mas que Cristiano Ronaldo já
é uma peça de um imaginário de lenda. A revista poderia ter escolhido uma fotografia do atleta ou do artista da bola, mas preferiu participar na construção antecipada de uma lenda e de lançar uma espécie de Che Guevara do futebol.
Goste-se ou não de futebol, o facto é que
nunca um português foi tão conhecido no mundo e que o futebolista Cristiano
Ronaldo é, desde há vários anos, o maior ex-libris do nosso país. O espaço que
lhe dedicam os jornais e as televisões, mas também o merchandising que associou ao seu nome, deram-lhe uma notoriedade
universal. Em Portugal não há políticos, nem artistas, nem escritores, nem
cientistas, que alguma vez fossem tão conhecidos no mundo. Poderá parecer
injusto que alguns portugueses com longas carreiras dedicadas ao serviço do
progresso e do bem comum, não tenham o apreço nem o reconhecimento público que
o mundo atribui a um futebolista de talento, que finta os adversários, que
cabeceia a bola e que faz remates que os guarda-redes não conseguem deter. Pode
parecer pouca coisa para tão grande fama, mas a vida moderna é cada vez mais um
espectáculo em que Cristiano Ronaldo é, seguramente, o melhor actor português
de sempre.