terça-feira, 15 de dezembro de 2015

A enorme incerteza da política francesa

Os resultados das eleições regionais francesas, que tiveram a sua 1ª volta no dia 6 de Dezembro e a 2ª volta no dia 13 de Dezembro, traduziram-se numa vitória dos Republicanos de Nicolas Sarkozy em 7 regiões e da União da Esquerda de François Hollande em 5 regiões, conforme assinala hoje edição do Le Monde na sua primeira página. Estavam inscritos nos cadernos eleitorais cerca de 45 milhões de franceses, mas apenas 26 milhões votaram e destes apenas foram validados cerca de 25 milhões de votos, o que mostra que em França, tal como em muitos outros países da Europa, os cidadãos confiam cada vez menos nos políticos que têm e consideram a participação eleitoral e a democracia participativa cada vez mais desinteressante.
Nas eleições francesas os votos nacionais distribuiram-se pela União da Direita ou Republicanos (40,2%), pela União da Esquerda ou Socialistas (28,8%) e pela Frente Nacional (27,1%), embora estes resultados não tenham quaisquer consequências imediatas a nível nacional, salvo no que respeita a uma primeira perspectiva das eleições presidenciais de 2017.
Nicolas Sarkozy recuperou na sua ambição de regressar ao Eliseu, enquanto a Frente Nacional que na 1ª volta tinha vencido em seis regiões e se esperava que pudesse vencer em duas ou três regiões, sucumbiu ao apelo ao voto útil feito pelos seus adversários e a uma maior participação eleitoral. Apesar disso, o partido de Marine Le Pen que privilegia o discurso anti-imigração e anti-Europa, teve cerca de 6,8 milhões de votos e esse resultado preocupa a França e a Europa, pois  lança uma enorme incerteza na política francesa.
A propósito, poder-se-à perguntar onde se encontram em Portugal os amigos de Marine Le Pen...

Paris: um acordo para salvar o planeta

A Cimeira de Paris aprovou um acordo que envolve 195 países e que vai dar origem a um novo tratado internacional destinado a conter o aquecimento global do nosso planeta. Depois de vários anos de negociações e de hesitações, o novo o acordo é visto como um passo histórico, pelo seu carácter universal e por ultrapassar divergências que até agora tinham impedido que se encontrasse um substituto do Protocolo de Quioto. Se o conteúdo do acordo for cumprido, na segunda metade deste século o mundo terá praticamente abandonado os combustíveis fósseis e as emissões que restarem de gases com efeito de estufa serão anuladas pela sua absorção por florestas ou pela sua captura e armazenamento. O novo acordo foi possível por ter resultado de uma abordagem inovadora, pois não há metas impostas aos países e são eles que têm que decidir o que fazer. Portanto, a base do acordo são planos nacionais a apresentar a cada cinco anos por todos os países, nos quais prestarão contas do que fizeram ou explicarão qual o seu contributo para a luta contra o aquecimento global. Todos os países têm de participar e não apenas os países desenvolvidos, embora estes tenham de liderar os esforços na redução de emissões de gases com efeito de estufa. O objectivo declarado do acordo é conter a subida dos termómetros a um valor “muito abaixo de 2ºC” e prosseguir esforços para limitar o aumento da temperatura a 1,5ºC acima dos níveis pré-industriais. Além disso, os países desenvolvidos comprometem-se a continuar a financiar as nações em desenvolvimento nas suas políticas de adaptação e mitigação climática. A Cimeira de Paris foi considerada um êxito e Laurent Fabius, o ministro dos Negócios Estrangeiros francês, recebeu o unânime aplauso. A imprensa mundial deu larga cobertura à Cimeira de Paris e aos seus resultados: o The Sydney Morning Herald foi apenas um deles.