Numa viagem
surpresa, Volodymyr Zelensky esteve ontem em Londres e Paris e, hoje, estará em
Bruxelas. Encontrou-se com Rishi Sunak, com Emmanuel Macron e com Olaf Scholz,
isto é, com os mais importantes líderes europeus. Independentemente dos apoios
adicionais que conseguiu ou venha a conseguir, tanto em termos militares como em
ajuda humanitária, bem como da evolução da guerra no terreno, esta deslocação de
Zelensky é um grande acontecimento e uma vitória para a causa
ucraniana.
Em Londres, a mensagem
principal de Zelensky – give us the wings
for freedom – que o jornal The Times e toda a imprensa
britânica hoje publicam, representa a pressão feita junto do Reino Unido para
que forneça aviões de combate às forças ucranianas, o que pode representar uma
escalada na guerra, como ontem também alertou Izumi Nakamitsu, a alta
representante da ONU para assuntos de desarmamento.
De seguida, Zelensky
foi a Paris, onde tanto Macron como Scholtz o esperavam e afirmaram estar
juntos ao lado da Ucrânia e que “a Rússia não pode nem deve vencer”, acrescentando que já existe um plano de paz de dez pontos e que deverão haver conversações que
conduzam a uma conferência de paz, isto é, eles fornecem armas mas eles querem a paz.
Depois de figuras
secundárias, como Ursula von der Leyen, Jens Stoltenberg e Josep Borrell, terem andado numa
roda-viva de exibicionismo belicista, os líderes europeus apareceram e falaram
alto para que Putin os ouvisse. Desafiaram-no a parar a invasão, mas ao mesmo tempo anunciaram o envio de armamentos. Nunca os líderes europeus tinham ido tão longe
no apoio político e militar à Ucrânia, tendo declarado que é o futuro da Europa
que está em jogo.
Volodymyr
Zelensky teve uma grande vitória política, pois vai receber armamento pesado e foi reconhecido como antes não acontecera. Porém, ninguém sabe se o que se passa é apenas um
instrumento para fazer recuar a Rússia e levá-la a sentar-se à mesa numa
conferência de paz, ou se será mais um passo numa perigosa escalada.