O semanário Expresso
adquiriu um estatuto de jornal de investigação, de objectividade noticiosa e de
não alinhamento partidário, que lhe conferem uma singular posição de prestígio
no panorama da imprensa portuguesa. Nascido há mais de 51 anos, o seu grafismo
foi sempre muito discreto e nunca apostou em grandes manchetes, nem sequer no
sensacionalismo com que muitas vezes se enganam os leitores. Porém, na edição
de ontem que dedicou aos 50 anos do 25 de Abril, o semanário parece ter sido
seduzido pelo entusiasmo popular e pelos cravos vermelhos que regressaram às
ruas portuguesas, utilizando uma ilustração que representa a alegria do povo e
um advérbio de tempo que aparece muitas vezes associado ao 25 de Abril: sempre.
Até parece que o Expresso só agora aderiu aos ideiais do 25 de Abril, o que obviamente não é verdade. Numa altura em
que há sérias preocupações quanto ao futuro, tanto lá fora como por cá, os
portugueses regressaram às grandes manifestações populares e mostraram como
estão alinhados com os ideais da Liberdade e da Democracia, podendo afirmar-se
com segurança, que ressuscitaram a força mobilizadora, as esperanças e o
entusiasmo do 25 de Abril, voltando a cantar as canções de José Afonso. A
simbólica manifestação que em Lisboa costuma descer a avenida da Liberdade,
juntou muitos milhares de pessoas, um verdadeiro mar de gente como já não se
via desde há muitos anos. Como diria Chico Buarque, “foi bonita a festa pá,
fiquei contente”.
A imprensa portuguesa, bem como alguma imprensa estrangeira, associaram-se
a esta efeméride e destacaram os progressos sociais proporcionados aos
portugueses pelas “portas que Abril abriu”, lembrando que a revolução
portuguesa também inspirou a democratização em Espanha, na Grécia e em vários
países da América Latina, para além de ter permitido o fim da guerra colonial e
a independência dos novos países de língua oficial portuguesa.
Tal como o Expresso
escreveu na sua edição de ontem, também aqui deixamos a nossa mensagem:
25 de Abril sempre!