sábado, 16 de abril de 2016

A poesia como farol da língua portuguesa

Se é verdade que, ao longo de mais de quatro séculos, a língua portuguesa nunca se impôs em Macau, também é verdade que há muita gente, mesmo depois da transferência da soberania para a República Popular da China, que insiste na defesa do português e não se cansa de ter iniciativas para a sua promoção. É muito louvável. Assim, por iniciativa do Instituto Politécnico de Macau, realizou-se ontem a 11ª edição do Concurso de Declamação de Poesia em português, uma oportunidade para que a comunidade estudantil chinesa celebre e preste homenagem à língua portuguesa.
De acordo com a organização, o evento visa, sobretudo, “estimular o gosto pela língua portuguesa, pelas culturas e literaturas” e promover o intercâmbio e o diálogo entre as instituições de ensino superior da República Popular da China, onde o português é leccionado.
O acontecimento contou com a presença de doze instituições de ensino superior, mais cinco do que era habitual, incluindo oito do interior da República Popular da China, tendo o número de alunos em competição atingido as 32 participações.
O Jornal Tribuna de Macau destacou a realização deste Concurso com uma fotografia na sua primeira página, mas refere apenas os desempenhos de duas participantes: Li Ruiping que disse o “Poema do Silêncio” de José Régio e Chan Kit Ieng, que concorreu com “A Flor e a Náusea” de Carlos  Drummond de Andrade. É pena que o jornal não nos tenha dado mais informação sobre esta tão interessante iniciativa.

A tourada supera o futebol em entusiasmo

A edição sevilhana do diário ABC relata hoje com grande destaque a 13ª corrida de toiros da Feria de Sevilla que se realizou ontem na Real Maestranza de Sevilla, com a praça cheia para assistir à actuação dos diestros Morante de la Puebla, El Juli e Andrés Roca Rey.
Segundo informa o jornal, enquanto El Juli sofreu uma cornada de 15 centímetros que o mandou para o hospital, o matador Morante de la Puebla teve uma faena de ensueño. O jornal não se poupa em elogios e, na sua primeira página, titula que Sevilla enlouquece con Morante e, mais adiante, num pormenorizado relato da corrida, diz que Morante de la Puebla, por fin, toca el cielo. Não admira, pois Morante é filho da terra.
Morante de la Puebla é o nome artístico de José António Morante Camacho, um toureiro espanhol de 36 anos de idade que nasceu em La Puebla del Rio, nos arredores de Sevilha. A fazer fé no que diz o jornal, a feliz actuação de Morante de la Puebla entusiasmou as 12.700 pessoas que encheram a praça mais famosa e com mais tradição taurina de Espanha e que é classificada como BIC, isto é, “bem de interesse cultural”.
Embora eu não seja aficionado e só consiga ver corridas de toiros à portuguesa, reconheço que a festa brava é um acontecimento cultural muito apreciado e com grande tradição em algumas regiões portuguesas e em muitas regiões espanholas. Na Andaluzia parece mesmo superar o entusiasmo pelo futebol, como atesta a fotografia de primeira página e a desenvolvida reportagem publicada na edição de hoje do diário ABC, num tempo em que parecia que o futebol e a política estariam a concentrar as atenções da cidade.