Ontem, na sua
cidade natal de Kerman, realizaram-se as cerimónias fúnebres do general Qassem
Soleimani, nas quais participaram milhares de pessoas vestidas de preto,
empunhando cartazes com a fotografia do mártir
iraniano e exigindo vingança com os americanos. Porém, devido a um acidente
resultante da debandada incontrolada de gente que participava naquelas
cerimónias, morreram 56 pessoas e 213 ficaram feridas. Perante esta tragédia o
funeral acabou por ser adiado, mas o Irão não perdeu tempo e “satisfez” o
desejo de vingança dos iranianos. Poucas horas depois, o Irão atacou com
mísseis as bases americanas de Ain Al-Asad e Erbil, no oeste do Iraque, como
retaliação pelo assassinato do seu “mártir” Soleimani.
Entretanto a
guerra mediática já começou e, enquanto a televisão estatal iraniana avançou
que morreram pelo menos 80 “terroristas americanos” no ataque iraniano, o
presidente dos Estados Unidos limitou-se a dizer que “até agora, tudo bem”.
Entre estas duas peças da guerra mediática, o exército iraquiano que
aparentemente é neutral neste conflito, informou que foram disparados 22
mísseis, dos quais 17 para a base de Ain Al-Asad (dos quais dois não
deflagraram) e cinco mísseis para a base de Erbil,
onde estão instalados militares dos EUA e seus aliados, que atingiram o alvo.
O
jornal americano La Opinión que se publica em espanhol na cidade de Los Angeles,
destaca na sua primeira página que se iniciaram as hostilidades, mas poderá não
ser assim. Todos sabem como uma escalada de conflitualidade naquela região pode
ter consequências impensáveis e são demasiados os países neutrais e outros que
pedem moderação e contenção às partes. Num eventual conflito naquela área só
haverá derrotados e vítimas inocentes. Os americanos eliminaram o seu “inimigo” Soleimani e os
iranianos poderão considerar que já se vingaram pois bombardearam duas bases
americanas, uma coisa que parece nunca terem feito antes. Pode acontecer que "baixe a temperatura" e que as
hostilidades se fiquem por aqui e que um dia destes possamos ver Donald Trump a
abraçar Hassan Rohani ou Ali Khamenei, tal como o vimos a abraçar Kim Jong-un, depois
de tudo o que dele disse.