quarta-feira, 4 de maio de 2011

Fumo branco?

Depois de cerca de três semanas de negociações com o Governo, a troika (FMI, BCE e UE) concluiu o seu plano de ajuda a Portugal, que a edição do Diário Económico hoje divulga.
Coube ao 1º Ministro anunciar algumas das orientações desse plano, enfatizando os seus aspectos menos gravosos para serenar os espíritos mais assustados e considerando-o “um bom acordo”. Depois surgiram os comentários, uns de crítica e outros de aplauso, embora muitos deles fossem demasiado influenciados pela próxima campanha eleitoral. Levantaram-se vozes reclamando vitória própria e derrota do rival. A triste cena do costume.
O plano apresentado é duro e resulta do excessivo endividamento do Estado e da economia portuguesa. Tecnicamente há-de procurar o aumento das receitas e a redução das despesas, perseguindo outros objectivos como a limitação dos efeitos recessivos na economia, o aumento do emprego, a melhoria do investimento e das exportações, a coesão social, etc.
Porém, é evidente que Portugal não vai produzir nos próximos anos a riqueza suficiente para pagar a sua dívida, porque o sistema produtivo está debilitado e a economia é altamente dependente do exterior, sobretudo nos planos energético e alimentar. As pessoas acreditaram no dinheiro fácil e nas facilidades. O Estado e as Famílias gastaram demais. Quiseram tudo e já. E não vai continuar a ser assim.
Agora há que responder à crise e mudar de vida e, tão importante como determinar onde se corta ou onde se estica, onde se poupa ou onde se investe, quem tem mais ou tem menos culpa, é indispensável uma mudança de mentalidade dos portugueses, sobretudo dos que nos governam e nos dirigem.
Precisamos dos bons exemplos que tanta falta nos têm feito.