segunda-feira, 28 de outubro de 2019

Abu al-Baghdadi morreu mas o Daesh não

Os Estados Unidos, pela voz de Donald Trump, anunciaram ontem a morte de Abu Bakr al-Baghdadi, o líder do Estado Islâmico do Iraque e Síria (ISIS) ou, em árabe, apenas Daesh.
Este facto foi uma grande vitória para Donald Trump que vinha sendo muito criticado pela sua recente decisão de retirar as tropas americanas do norte da Síria, mas também foi um alívio para todos os que, muitas vezes, acompanharam pela televisão as atrocidades e as barbaridades cometidas pela gente que ele comandava.
Abu Bakr al-Baghdadi era um religioso que, depois da invasão americana do Iraque em 2003, estivera preso em Camp Bucca, no território iraquiano, tendo sido nesse centro de detenção mantido pelos militares americanos que lhe nasceu a ideia da criação de um califado. Entretanto, al-Baghdadi estudou na Universidade de Bagdad e doutorou-se em estudos do Alcorão, mas manteve sempre a sua ligação a grupos radicais, pois o seu objectivo era estabelecer o seu próprio Estado por meio da força. Em 2014 anunciou a criação de um califado a que chamou Estado Islâmico do Iraque e Síria, também conhecido por Daesh, que em pouco tempo passou a controlar importantes cidades através da imposição de uma relação de brutalidade contra cerca de 8 milhões de pessoas e da ocupação de um extenso território no Iraque e na Síria.
A instabilidade na região favoreceu o Daesh, mas a reacção não tardou daí resultando a perda da cidade iraquiana de Mossul em 2016, da cidade síria de Racca em 2017 e, em Março deste ano, do seu último bastião que era a cidade síria de Baghouz. O califado durara cinco anos. Abu Bakr al-Baghdadi tinha sido derrotado, mas a ameaça de reaparecer, eventualmente com acções terroristas noutras partes do mundo, perdurava. Agora, com a sua morte o mundo parece poder respirar, mas de facto o Daesh não morreu e, por certo, os seus seguidores não tardarão a aparecer porque a organização era um monstro de muitas cabeças.
Hoje, a notícia da morte de al-Baghdadi foi manchete na imprensa mundial. Era o homem mais procurado do planeta e escolheu o seu próprio fim.