Os Jogos
Olímpicos terminam amanhã e o grande vencedor foi o Brasil porque apresentou
uma organização que à distância pareceu impecável, calando todos os que,
interna ou externamente, duvidavam das suas capacidades para os realizar. O cenário
natural da cidade do Rio de Janeiro e da baía de Guanabara, o entusiasmo do
público e a qualidade das transmissões televisivas passaram para o exterior uma
imagem positiva que prestigia o Brasil e os brasileiros, acentuando o seu estatuto de
potência emergente, apesar dos inúmeros problemas políticos e sociais com que
se defronta e das facturas que vão aparecer para pagar todo o fabuloso espectáculo
que têm sido os Jogos Olímpicos.
No plano
desportivo o destaque foi para os Estados Unidos e, surpreendentemente, para a
Grã-Bretanha que ganhou mais de seis dezenas de medalhas, mas também para os
atletas de mais de oitenta países que conquistaram medalhas olímpicas, a
demonstrar que o desporto e o discutível ideal olímpico do nosso tempo também entraram na era da globalização.
Portugal deixa o
Rio de Janeiro apenas com uma medalha de bronze conquistada por Telma Monteiro, o que é muito pouco para as
expectativas criadas e alimentadas por uma comunicação social irresponsável
que, objectivamente, pressionou demasiado os atletas com a “exigência” de ganharem
medalhas, o que lhes diminuiu a resistência psicológica necessária nestas
circunstâncias. Desde 1912, em 24 participações olímpicas conseguimos apenas 24 medalhas e,
por isso, os resultados no Rio de Janeiro até estão de acordo com a tradição
portuguesa e com a média nacional de ganhar apenas uma medalha por Olimpíada. Porém,
sabendo que os nossos atletas competiram com os melhores do mundo, temos que
concluir que a sua prestação foi globalmente satisfatória, com várias classificações
entre os dez melhores do mundo, designadamente na canoagem, no judo, no ciclismo, no futebol,
no ténis de mesa, no hipismo, no atletismo, no triatlo e nas corridas de
marcha. Podiam ter ganho medalhas e estiveram perto disso, mas ficaram-se pelos
diplomas olímpicos. Soube a pouco, mas o facto é que os nossos atletas não nos
envergonharam. Por isso, os 92 atletas que nos representaram no Rio
de Janeiro em 16 modalidades merecem o nosso aplauso pelo seu esforço e
dedicação, mas também o nosso incentivo para que continuem a lutar por melhores resultados no futuro.