Ao fim de cerca de 30 meses de
governação, começa a ser altura de dizer que o rei vai nu e que, no nosso país,
tudo ou quase tudo está muito pior do que estava em Maio de 2011, porque o desemprego
aumentou, o défice não diminuiu, a dívida agravou-se, as famílias empobreceram,
os jovens estão a emigrar, o pequeno comércio faliu e não há investimento. Vivemos
bem pior, embora o número de multimilionários tenha aumentado mais de 10% num
só ano, mas isso nem sequer envergonha quem nos governa. Os nossos governantes –
o “bando de meninos”, como lhes chamou António Lobo Antunes – deixaram-se
humilhar pelos diktats da troika, levados pela sua impreparação, incompetência,
ignorância, deslumbramento, irresponsabilidade e fanatismo ideológico. Isso tem
sido a nossa desgraça, que o novo-riquismo de Barroso e Constâncio, que são a
projecção internacional deste tipo de gente, tanto têm apoiado. O ataque ao
Estado social é permanente e a nossa sociedade está decadente e vive
amedrontada, pois não se vê uma estratégia nem um rumo para sair deste
atoleiro. Eles não previram a recessão, nem são capazes de sair dela. Em vez de
atacarem as causas do excesso da despesa que são as PPP, os juros especulativos que nos impõem, as rendas excessivas
do sector da energia ou a proliferação de institutos públicos e empresas
municipais, atiram-se aos pensionistas e aos funcionários públicos, com medidas
socialmente inaceitáveis. Não toleram o Tribunal Constitucional nem quem lhes
modere os apetites. Mentem descaradamente e têm medo de andar na rua. Esperava-se que os nossos eleitos defendessem os portugueses, mas revelam uma
insensibilidade gritante e ofendem os seus legítimos direitos. Estão ao lado dos especuladores e não são capazes de mobilizar o país.
E, no meio desta quase tragédia que tem sido esta governação Passos-Portas ou
Portas-Passos, ainda há quem diga que “vamos no bom caminho”, ao mesmo tempo que se
ouvem os aplausos ou os silêncios do palácio de Belém...