quarta-feira, 7 de dezembro de 2022

Portugal entre “los 8 grandes” do futebol

Ontem foi um dia de festa para o futebol português pela robusta e até inesperada vitória obtida sobre a equipa da Suíça, que colocou a selecção portuguesa nos quartos de final do Campeonato do Mundo e deu uma enorme alegria aos portugueses, em especial aos que vivem e trabalham naquele país. A imprensa portuguesa escreveu em letras bem grandes as palavras demolidor e fulminante. No mundo do futebolez, em que se usa e abusa do adjectivo “histórico” para tudo e mais alguma coisa, a exibição de ontem e o resultado de 6-1, bem justificam a título excepcional a utilização da palavra histórica, até porque veio mostrar que a maravilha de que aqui se falara como sendo um atributo futebolístico brasileiro, afinal também é português. Aqueles jogadores são notáveis em talento e em determinação e, para muita gente, até merecem as fortunas que lhes pagam.
Com aquele resultado, como hoje lembra o jornal peruano Líbero, estão encontrados los 8 grandes, isto é, Portugal está entre as oito melhores equipas de futebol do mundo. Naturalmente que isso é agradável pela alegria que transmite ao povo – que bem precisa de alegrias – mas seria bem mais interessante se estivéssemos entre os oito melhores do mundo em prosperidade económica e qualidade de vida, em protecção social e solidariedade, no combate às desigualdades e à pobreza, no apoio aos mais necessitados, em responsabilidade ambiental e na luta contra o clientelismo que tanto afecta a harmonia da sociedade portuguesa. Lamentavelmente, todas essas causas ficam subordinadas aos interesses políticos imediatos e à busca de popularidade que a generalidade dos políticos persegue à boleia do futebol. 
Assim, eu aplaudo e fico muito satisfeito com o desempenho da selecção nacional de futebol, mas não me agrada nada tanta euforia.