Ontem foi um dia
de festa para o futebol português pela robusta e até inesperada vitória obtida
sobre a equipa da Suíça, que colocou a selecção portuguesa nos quartos de final
do Campeonato do Mundo e deu uma enorme alegria aos portugueses, em especial aos
que vivem e trabalham naquele país. A imprensa portuguesa escreveu em letras
bem grandes as palavras demolidor e fulminante. No mundo do futebolez, em que
se usa e abusa do adjectivo “histórico” para tudo e mais alguma coisa, a
exibição de ontem e o resultado de 6-1, bem justificam a título excepcional a utilização
da palavra histórica, até porque veio
mostrar que a maravilha de que aqui se falara como sendo um atributo
futebolístico brasileiro, afinal também é português. Aqueles jogadores são
notáveis em talento e em determinação e, para muita gente, até merecem as
fortunas que lhes pagam.
Com aquele
resultado, como hoje lembra o jornal peruano Líbero, estão encontrados
los 8 grandes, isto é, Portugal está
entre as oito melhores equipas de futebol do mundo. Naturalmente que isso é
agradável pela alegria que transmite ao povo – que bem precisa de alegrias – mas
seria bem mais interessante se estivéssemos entre os oito melhores do mundo em
prosperidade económica e qualidade de vida, em protecção social e solidariedade,
no combate às desigualdades e à pobreza, no apoio aos mais necessitados, em
responsabilidade ambiental e na luta contra o clientelismo que tanto afecta a
harmonia da sociedade portuguesa. Lamentavelmente, todas essas causas ficam
subordinadas aos interesses políticos imediatos e à busca de popularidade que a
generalidade dos políticos persegue à boleia do futebol.
Assim, eu aplaudo e fico muito satisfeito com o
desempenho da selecção nacional de futebol, mas não me agrada nada tanta euforia.
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