Segundo revela o diário Los Tiempos que se publica na cidade boliviana de Cochabamba, a
Organização dos Estados Americanos (OEA) aprovou ontem uma resolução que
condena o tratamento dado ao Presidente do Estado Plurinacional da Bolívia, cujo
avião foi recentemente impedido de sobrevoar alguns países europeus, fazendo
uma chamada de atenção para que a França, Itália, Portugal e Espanha se
expliquem e apresentem as correspondentes desculpas. A resolução foi aprovada
por consenso, mas os Estados Unidos e o Canadá opuseram-se por considerarem que
as circunstâncias do incidente diplomático não eram ainda claras. É lamentável
que isto tenha acontecido, porque o Direito Internacional garante total imunidade
diplomática aos Chefes de Estado e, dessa forma, não só foi hostilizada a
Bolívia, mas também os outros Estados sul-americanos. O Presidente Evo Morales
tinha-se deslocado a Moscovo para participar na cimeira dos países exportadores
de gás, mas dia 2 de Julho, quando regressava ao seu país, o seu avião foi
obrigado a aterrar em Viena. Entretanto, os governos de França, Itália,
Portugal e Espanha informaram não autorizar que o avião de Evo Morales
utilizasse o seu espaço aéreo, certamente por pressão americana, pois havia
fortes suspeitas que no seu interior viajava Edward Snowden, um ex-agente dos
serviços secretos americanos, suspeito da divulgação de matéria classificada.
Depois de 14 horas de “sequestro” o avião presidencial foi autorizado a seguir
viagem, tendo escalado a Gran Canária, a cidade brasileira de Fortaleza e
aterrado em La Paz na madrugada do dia 4 de Julho. Alguns dias depois e já
depois de terem sido queimadas bandeiras em La Paz, inclusive bandeiras
portuguesas, veio o ministro Portas assegurar que as autoridades portuguesas
autorizaram antecipadamente o sobrevoo do avião de Evo Morales pelo espaço
aéreo português. Em que ficamos? Na palavra da OEA ou na palavra (irrevogável) do ministro
Paulo Portas?