terça-feira, 10 de março de 2020

Há uma ameaça de profunda crise global


Nas últimas horas acelerou-se o pânico no mundo, não tanto por causa da epidemia do Covid-19 e da sua perigosidade sanitária, mas sobretudo pelas suas consequências sobre as economias. Os jornais publicam gráficos que mostram que o Dow Jones, o Nasdaq e as principais bolsas mundiais caíram muitos pontos e continuam em queda, enquanto a Arábia Saudita decidiu cortar cerca de 30% nos preços do petróleo, o que comprova que para além do medo pelo Covid-19, há uma enorme incerteza e falta de confiança no que está para vir.
Não é preciso ser especialista para perceber a situação, pois basta olhar à nossa volta. A economia tem muitas facetas, mas assenta sobretudo em dois eixos – a oferta e a procura, ou a produção e o consumo. Quando a Itália está fechada em casa a cumprir uma forçada quarentena, significa que nada produz e que consome muito menos do que o normal, o que é catastrófico para a sua economia. Em vários países europeus, nomeadamente em Portugal, as coisas estão a seguir o mesmo caminho, pois as pessoas estão a ser convidadas a ficar em casa, foram fechadas muitas escolas e proibiram-se acontecimentos sociais, incluindo jogos de futebol, concertos e outros eventos que atraem muito público. A actividade económica já está a ser seriamente afectada, sobretudo no sector do turismo, com as reservas nos hotéis e nos navios de cruzeiro a serem canceladas, muitas feiras e congressos a serem suspensos e com as companhias aéreas a cortar milhares de voos por falta de procura. Apesar das medidas administrativas e sanitárias que estão a ser tomadas e dos discursos destinados a afastar o pânico, a situação pode tornar-se muito preocupante e levar a uma crise que, tal como vimos com a crise financeira de 2008, nada de bom nos trará.