sábado, 20 de agosto de 2011

The decline and fall of Europe

Na sua última edição, a revista TIME inclui um artigo de Rana Foroohar intitulado “O fim da Europa”, cujo lead diz:
“A união económica está a desmoronar-se, Londres está em chamas e os Estados Unidos, seu parceiro comercial mais confiável, também está fraco para salvar o euro. Digam adeus à velha ordem.”
Esta ideia de declínio e de envelhecimento da Europa já tinha sido expressa muitas vezes por vozes isoladas, desconfiadas dos sucessos e do rápido crescimento europeu verificado entre 1991 e 2008, mas poucas vezes terá sido tão explícita como agora acontece numa revista de grande difusão internacional.
O extenso artigo compara as crises que assolam a Europa e os Estados Unidos, através dos indicadores habituais - crescimento económico, desemprego, défice, dívida – concluindo que vivem dificuldades semelhantes e que os Estados Unidos, em vez de rebocarem a Europa para fora da crise, estão a replicar as dificuldades europeias.
Relativamente à União Europeia, o artigo é muito severo: a unidade europeia é impossível, o sonho europeu do multiculturalismo está em causa e a união monetária parece um casino, com sistemas políticos, económicos e fiscais diferentes.
A crise europeia e os desafios que estão para vir, estão a conduzir-nos para uma nova era civilizacional e as novas regras, riscos e desafios só agora estão a tornar-se claros.
Recomendo vivamente a leitura deste artigo a todos os doutores, professores e seus amigos que, há três ou quatro meses, em nome do assalto ao poder, difamavam quem atribuía uma boa parte dos nossos problemas à crise internacional.

Sacrifícios desigualmente repartidos

Guimarães vai ser, no próximo ano de 2012, a Capital Europeia da Cultura, depois de anteriormente terem sido contempladas com essa escolha as cidades de Lisboa (em 1994) e do Porto (em 2001).
A Capital Europeia da Cultura é uma iniciativa da União Europeia que tem por objectivo a promoção de uma cidade europeia durante um ano, dando-lhe a possibilidade de mostrar a sua vida e desenvolvimento culturais, permitindo dessa forma um melhor conhecimento mútuo entre os cidadãos da União Europeia.
A primeira versão do Programa “Guimarães 2012 Capital Europeia da Cultura” já foi anunciada e enquadra-se em quatro áreas: Cidade, Comunidade, Pensamento e Arte, que abrange as vertentes Música, Artes Performativas, Arte e Arquitectura e Cinema e Audiovisual.
Porém, em 2010 rebentou uma polémica em torno das remunerações do Conselho de Administração da Fundação da Cidade de Guimarães, a entidade responsável pela programação do evento, que foram consideradas (e eram) exorbitantes e escandalosas. Daí resultou a constituição de uma nova equipa administrativa, que se disse ser resultante de escolhas cirúrgicas assentes em pessoas com provas dadas nas áreas que irão tutelar, a qual tem como presidente um antigo assessor e ex-chefe da Casa Civil do antigo Presidente da República Jorge Sampaio.
Entretanto, consta que o ex-presidente Jorge Sampaio, para emprestar o seu nome a “Guimarães 2012 Capital Europeia da Cultura”, recebe um salário mensal de 14 mil euros, mais automóvel topo de gama, mais 500 euros por cada reunião em que participar e até telefone celular. Esta notícia (falsa ou verdadeira) corre na internet.
Se a notícia é verdadeira, então é chocante, porque os sacrificios que nos pedem, devem ser repartidos por todos.