sábado, 1 de julho de 2023

Bolsonaro inelegível, mas ainda é pouco

O Tribunal Superior Eleitoral do Brasil (TSE) tomou ontem a decisão de declarar o ex-presidente Jair Bolsonaro inelegível até 2030, por abuso de poder político e uso indevido dos meios de comunicação numa reunião com embaixadores estrangeiros realizada no Palácio da Alvorada, por atacar sem provas, o sistema de voto electrónico que é utilizado no Brasil. O TSE decidiu-se pela condenação, por cinco votos contra dois, mas Jair Bolsonaro vai certamente recorrer desta decisão.
Toda a imprensa brasileira deu destaque a esta notícia e a edição do Correio Braziliense publicou a fotografia do Jair e uma sua declaração em que afirmou que antes “levei uma facada na barriga, hoje levei uma facada nas costas com a inelegibilidade”. É caso para dizer que o Tribunal decidiu e que, portanto, está decidido.
Porém, o que surpreende é o facto de ainda não terem sido apuradas as responsabilidades de Jair Bolsonaro nos graves acontecimentos de 8 de Janeiro de 2023 em Brasília, quando alguns milhares dos seus apoiantes, extremistas e vândalos, ocuparam a Praça dos Três Poderes e invadiram o Palácio do Planalto, o Palácio do Congresso Nacional e o Palácio do Supremo Tribunal Federal, com o objectivo de pressionar um golpe militar contra o governo do presidente Lula da Silva e, por essa via, entregar a presidência a Jair Bolsonaro, que tinha sido derrotado nas urnas. Nos meses seguintes foi anunciada a prisão de 2.182 pessoas por participação ou envolvimento na tentativa do golpe bolsonarista, que provocou a destruição e roubo de obras de arte, a destruição parcial de edifícios e, sobretudo, afectou a imagem externa do Brasil.
Bolsonaro foi declarado inelegível politicamente, mas certamente que o Brasil espera que venha a ser acusado criminalmente pelos acontecimentos de 8 de Janeiro de 2023.