A imprensa
internacional escolheu hoje como tema dominante das suas manchetes a reabertura
da catedral de Notre-Dame e o encontro entre Donald Trump e Volodymyr Zelensky
no qual, segundo algumas notícias, o presidente eleito americano terá “empurrado”
Zelensky para uma negociação com Putin. Foram raros os jornais que trouxeram a
crise síria para a primeira página das suas edições de hoje e um deles foi o jornal
La
Vanguardia que se publica em Barcelona, que escreveu com destaque que “los
islamistas sírios alcanzan los suburbios de Damasco”. A notícia era
surpreendente, porque não era imaginável que, em cerca de dez dias, os
“rebeldes” tivessem ocupado as cidades de Aleppo e Homs e estivessem às portas
de Damasco, aparentemente sem resistência das forças leais a Bashar al-Assad,
nem a oposição dos seus aliados russos e iranianos.
Hoje de manhã, a
notícia televisiva chegou inesperada pela sua rapidez: os “rebeldes” tinham
entrado em Damasco e Bashar al-Assad tinha abandonado a capital e deixara o
país num avião com a família, sem combates, nem oposição e com forte apoio
popular. E foi tudo tão rápido que só amanhã a imprensa poderá noticiar a queda
do regime sírio…
O fim do regime
ditatorial sírio, que era dominado pela família Assad, foi saudado em muitos
países mesmo sem se saber quem são e o que querem fazer os "rebeldes", mas também já se levantam vozes a referir a incerteza e os riscos que
envolvem a transição, num quadro interno com o poder a ser repartido por vários
grupos étnicos e religiosos e num quadro regional muito complexo.
Aí está mais um
desafio para a estabilidade mundial e se nos lembrarmos do que aconteceu no
Iraque, depois de Saddam Hussein, e na Líbia, depois de Muammar Kaddafi, talvez
não tenhamos razões para entrar em euforia com a queda de Bashar al-Assad.