domingo, 8 de dezembro de 2024

A Síria e a queda de Bashar al-Assad

A imprensa internacional escolheu hoje como tema dominante das suas manchetes a reabertura da catedral de Notre-Dame e o encontro entre Donald Trump e Volodymyr Zelensky no qual, segundo algumas notícias, o presidente eleito americano terá “empurrado” Zelensky para uma negociação com Putin. Foram raros os jornais que trouxeram a crise síria para a primeira página das suas edições de hoje e um deles foi o jornal La Vanguardia que se publica em Barcelona, que escreveu com destaque que “los islamistas sírios alcanzan los suburbios de Damasco”. A notícia era surpreendente, porque não era imaginável que, em cerca de dez dias, os “rebeldes” tivessem ocupado as cidades de Aleppo e Homs e estivessem às portas de Damasco, aparentemente sem resistência das forças leais a Bashar al-Assad, nem a oposição dos seus aliados russos e iranianos.
Hoje de manhã, a notícia televisiva chegou inesperada pela sua rapidez: os “rebeldes” tinham entrado em Damasco e Bashar al-Assad tinha abandonado a capital e deixara o país num avião com a família, sem combates, nem oposição e com forte apoio popular. E foi tudo tão rápido que só amanhã a imprensa poderá noticiar a queda do regime sírio…
O fim do regime ditatorial sírio, que era dominado pela família Assad, foi saudado em muitos países mesmo sem se saber quem são e o que querem fazer os "rebeldes", mas também já se levantam vozes a referir a incerteza e os riscos que envolvem a transição, num quadro interno com o poder a ser repartido por vários grupos étnicos e religiosos e num quadro regional muito complexo.
Aí está mais um desafio para a estabilidade mundial e se nos lembrarmos do que aconteceu no Iraque, depois de Saddam Hussein, e na Líbia, depois de Muammar Kaddafi, talvez não tenhamos razões para entrar em euforia com a queda de Bashar al-Assad.

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