segunda-feira, 9 de dezembro de 2024

O incerto (e perigoso) futuro da Síria

A imprensa mundial noticia hoje a queda da cidade de Damasco e a fuga de Bashar al-Assad para a Rússia. Aparentemente, em doze dias apenas, os “rebeldes” do grupo Hayat Tahrir al-Sham (HTS) de Abu Mohammad al-Jolani derrubaram o regime autoritário dos Assad e terminaram a guerra civil que se travava desde 2011. Nessa longa guerra participaram o Irão e a Rússia em apoio do regime sírio e, do lado das várias forças da oposição, os Estados Unidos, a Arábia Saudita, a Turquia e os Emirados Árabes Unidos, estimando-se que tenha havido mais de 14 milhões de refugiados e mais de 600 mil mortos.
O fim do regime de Bashar el-Assad foi anunciado com regozijo nas capitais europeias onde os seus líderes manifestaram satisfação pelo fim do ditador, mas sem comentarem se também foi o fim da ditadura.
Porém, há quem tema que o radicalismo do novo poder seja pior que o secularismo do regime de Bashar al-Assad. Há, também, quem se admire com a ausência de resistência das forças armadas sírias que se desintegraram e com a apatia dos aliados de Bashar el-Assad. A rapidez com que os “rebeldes” tomaram o poder em Damasco, a indiferença das forças russas e iranianas que estão no terreno e as instruções aparentemente deixadas por Bashar el-Assad para que se fizesse uma transição pacífica do poder, parecem revelar que esta operação-relâmpago teve contornos de concertação que ainda estão por esclarecer.
O jornal francês Libération escreve que a Síria caminha para o desconhecido e a imprensa chinesa alerta para que a mudança na Síria pode perturbar o Médio Oriente. O facto é que a queda dos ditadores naquela região do mundo não contribuiram para a paz, nem para a democracia, enquanto se tem visto muita inabilidade ocidental nesta região, onde Israel e o regime de Netanyahu fazem o que lhes apetece.

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