sexta-feira, 24 de outubro de 2025

R.I.P. Francisco Pinto Balsemão

Com 88 anos de idade faleceu Francisco Pinto Balsemão, uma das mais importantes figuras da democracia portuguesa, pois foi um dos fundadores do PPD/PSD e exerceu as funções de primeiro-ministro de Portugal entre Janeiro de 1981 e Junho de 1983, quando sucedeu a Sá Carneiro após o desastre de Camarate. Porém, para além de ter sido um político de grande destaque, Francisco Pinto Balsemão também foi jornalista e empresário da comunicação social. Começou por trabalhar no Diário Popular e, em 1973, foi o criador do semanário Expresso, que desde logo se afirmou como uma referência na imprensa portuguesa e um inspirador de uma nova sociedade que se vinha desenhando desde as eleições legislativas de 1969.
Nessas eleições, acontecidas já nos últimos anos do Estado Novo, o marcelismo tinha mostrado alguma abertura ao rígido e monolítico regime herdado de Salazar e aceitara a constituição de uma Ala Liberal na Assembleia Nacional, de que fizeram parte como deputados os jovens Pinto Balsemão, Sá Carneiro, Miller Guerra, Pinto Leite, Magalhães Mota e Mota Amaral, entre outros, que se afirmaram numa linha política que já reclamava a democracia. Por isso, o dia 25 de Abril de 1974 foi vivamente saudado pelos homens da Ala Liberal, num tempo em que as outras referências da democracia portuguesa ainda estavam ausentes do país, pelo que uma das suas primeiras iniciativas foi exactamente a criação do PPD/PSD.
Em 1987, já afastado da política activa apesar de continuar a ser uma referência do seu partido, Francisco Pinto Balsemão criou a SIC, um projecto televisivo de grande sucesso e, nesse mesmo ano, teve a iniciativa da criação do Prémio Pessoa, um prémio atribuído anualmente a pessoas de nacionalidade portuguesa que durante esse período, e na sequência de atividade anterior, se tenham distinguido como protagonistas na vida científica, artística ou literária.
Eu nunca conheci Francisco Pinto Balsemão, mas é unânime o elogio à sua personalidade, aos seus ideais democráticos e à sua obra inovadora.
Em 2011 foi condecorado com a Grã-Cruz da Ordem da Liberdade.