sexta-feira, 20 de outubro de 2023

Será que Joe Biden pode travar a guerra?

A guerra no Médio Oriente tem forte tendência para se agravar e são mínimos os sinais de contenção ou de apaziguamento, o que leva a revista Newsweek a perguntar, na sua mais recente edição, se Joe Biden pode travar a guerra no Médio Oriente. A questão é muito pertinente mas, provavelmente, a resposta é negativa. O presidente dos Estados Unidos foi a Israel, não tanto para apoiar Benjamin Netanyahu que já tinha esse apoio, ou para travar a esperada reacção israelita ao calamitoso ataque do Hamas, mas sobretudo porque precisava do seu abraço e daquela fotografia para a campanha eleitoral americana que se aproxima. Os resultados da sua visita foram desoladores, não só porque os israelitas não abrandaram os seus ataques a Gaza, mas também porque os países árabes da vizinhança se recusaram a encontrar-se com ele.
Enquanto isto, era de esperar que a Europa tivesse um papel activo de moderação neste longo conflito entre árabes e judeus mas, em contramão com a História, os passos que têm sido dados vão no sentido errado, pois tendem a agravar a situação e a fazer com a insegurança e o medo alastrem para as cidades europeias. A Ursula é apenas um exemplo da incapacidade europeia para fazer alguma coisa por um mundo melhor.
A manipulação da informação pelos dois lados atingiu níveis como nunca se vira antes e, a toda a hora, temos dificuldade em distinguir a verdade da mentira. A recente explosão no hospital Al-Ahli, em Gaza, é um bom exemplo. Cada uma das partes acusa a outra e há que esperar uma investigação independente para sabermos a verdade, se tal for possível. Porém, enquanto Joe Biden é prudente e diz que “parece que foram os outros”, a generalidade dos nossos inúmeros comentadores e especialistas que “ocupam” as nossas televisões não tem dúvidas e, apenas com base nos seus palpites, são peremptórios na acusação do Hamas. Indefeso em frente das televisões, o público cansa-se de ouvir tanta propaganda e tantos disparates. Que mau serviço que prestam à verdade!