A guerra no Médio
Oriente tem forte tendência para se agravar e são mínimos os sinais de
contenção ou de apaziguamento, o que leva a revista Newsweek a perguntar, na
sua mais recente edição, se Joe Biden pode travar a guerra no Médio Oriente. A
questão é muito pertinente mas, provavelmente, a resposta é negativa. O
presidente dos Estados Unidos foi a Israel, não tanto para apoiar Benjamin
Netanyahu que já tinha esse apoio, ou para travar a esperada reacção israelita
ao calamitoso ataque do Hamas, mas sobretudo porque precisava do seu abraço e
daquela fotografia para a campanha eleitoral americana que se aproxima. Os
resultados da sua visita foram desoladores, não só porque os israelitas não
abrandaram os seus ataques a Gaza, mas também porque os países árabes da
vizinhança se recusaram a encontrar-se com ele.
Enquanto isto,
era de esperar que a Europa tivesse um papel activo de moderação neste longo
conflito entre árabes e judeus mas, em contramão com a História, os passos que
têm sido dados vão no sentido errado, pois tendem a agravar a situação e a
fazer com a insegurança e o medo alastrem para as cidades europeias. A Ursula é apenas um exemplo da incapacidade europeia para fazer alguma coisa por um mundo melhor.
A manipulação da
informação pelos dois lados atingiu níveis como nunca se vira antes e, a toda a
hora, temos dificuldade em distinguir a verdade da mentira. A recente explosão
no hospital Al-Ahli, em Gaza, é um bom exemplo. Cada uma das partes acusa a
outra e há que esperar uma investigação independente para sabermos a verdade,
se tal for possível. Porém, enquanto Joe Biden é prudente e diz que “parece que
foram os outros”, a generalidade dos nossos inúmeros comentadores e
especialistas que “ocupam” as nossas televisões não tem dúvidas e, apenas com
base nos seus palpites, são peremptórios na acusação do Hamas. Indefeso em
frente das televisões, o público cansa-se de ouvir tanta propaganda e tantos
disparates. Que mau serviço que prestam à verdade!